Opinião

Futebol...

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Fim dos anos cinquenta do século passado... S. Sebastião, Santo António dos Olivais, Coimbra.... Ao longo da minha vida quantas vezes escrevi estes dados como a minha naturalidade, hoje é só por uma questão geográfica. Ali em S. Sebastião vivia com os meus pais. Em frente à nossa casa existia um terreno, quase um retângulo, em plano inclinado, mas isso não era problema! Nesse terreno todos os domingos, chovesse ou fizesse sol, começavam a aparecer todos os jovens e menos jovens que se iam juntando: uns com conversas triviais, outros ainda com olheiras de uma noite que teve atrasos no deitar. Aquilo eram os preliminares para uma grande futebolada que se iria ali desenrolar.
Primeiro, a escolha dos guarda redes... estes iam avisando que só estavam na baliza até sofrer um golo, depois teria de ir outro para a baliza. Comecei a aprender que não era a posição que mais gostavam. Depois deste momento, competia aos guarda redes escolherem as equipas. Aqui, mais um jogo galo-galinha. Este jogo consistia, neste caso os guarda redes, em colocarem-se frente a frente e em caminharem um em direção ao outro alternadamente, um dizia galo enquanto punha o seu pé em frente ao outro e o adversário dizia galinha e repetia o mesmo gesto. Este jogo acabava quando um dos adversários colocava o seu pé em cima do pé do outro adversário.
Neste momento, já tinha feito a contagem dos jogadores presentes e pedia sempre aos meus botões para que o número fosse ímpar. Pois, se assim fosse, poderia vir a ser escolhido para uma das equipas e fazer parte do grande jogo dominical! Depois da escolha das equipas, cada uma teria de ir procurar pedras para a feitura da baliza. Acordavam que a medida da baliza teria cinco largos passos. Já adianto que se viesse a haver penáltis, o mesmo seria marcado com o dobro dos passos da medida da baliza. Estas medidas normalmente criavam dúvidas. De maneira, que cada equipa enviava um emissário à baliza contrária para se certificar que as medidas correspondiam às acordadas.

Ar­tigo dis­po­nível, em versão in­te­gral, na edição nº 3835 de O Re­gi­onal, pu­bli­cada em 18 de março de 2021.

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