Acontece-me algumas vezes acordar a meio da noite. Não se trata de insónias, creio eu, mas mesmo que seja, não é problema, e se fosse era meu. Bem, o que acontece é que neste interromper do sono aparecem-me imagens, recordações, palavras, etc..
Enche... foi uma dessas aparições. Logo o meu pensamento levou-me para a instrução militar, onde a todo o momento éramos “convidados” a encher cinquenta completas. Para os que não fizeram instrução militar, deixo a informação de que cinquenta completas tratava-se de cinquenta flexões, cinquenta abdominais, cinquenta cangurus, cinquenta dorsais... Enfim, fazia parte do programa físico, e verdade seja dita, no final desta instrução todos tínhamos uma condição física notável.
Como não consegui adormecer fui-me lembrando de outros “encheres” que temos no dia-a-dia: encher o depósito do carro começa a ser uma miragem, depois temos aquela expressão brasileira “não enche o saco”, depois uma bem portuguesa “encher chouriços”. Temos ainda, “encher a galinha o papo”. E, então?! “Encher a mão”?! Destes é que existem muitos... Infelizmente, há para aí muita boa gente a encher-se de tudo e muito mais a esvaziar-se. Sinais dos tempos... Faço votos de que o ano que agora começou não seja mais um só a encher pneus.
Nos livros, “As coisas que aprendi antes dos 30 anos”, de Danilo Castro.
Nas músicas, Edberto Gismonti, Jan Garbarek & Charlie Haden (1980)
Só peço vinte completas., é um bom princípio para criar um hábito saudável.