Luís Montenegro tinha uma empresa (e é difícil de acreditar que já não tenha, apesar de a ter posto no nome dos filhos). Através dela recebia avenças de empresas como a Solverde, a Rádio Popular, a Ferpinta ou a Itau. Muitas dessas empresas dependem diretamente do Estado, seja para a concessão dos casinos, seja para a concessão do serviço de refeições. Algumas já ganharam 90 milhões em contratos com o Estado desde que Montenegro é Primeiro-Ministro.
Mas para Luís Montenegro, não se passa nada…
Apesar das incompatibilidades, falta de ética e de transparência evidentes, Montenegro achou que não tinha nada a explicar. Tentou esconder tudo o que conseguia durante o máximo de tempo possível. Apertado, achou que era boa ideia lançar o país em eleições e fazer destas eleições uma espécie de referendo à sua conduta: ‘país meu, país meu, á neste país quem mereça mais negócios, avenças e empresas do que eu?’.
E enquanto Montenegro tem este único objetivo com as eleições, tenta que não se discuta nada do que realmente interessa na vida das pessoas.
A saúde está uma desgraça. É por culpa do seu Governo que existem mais pessoas sem médico e sem enfermeiro de família e que as urgências estão em encerramento quase permanente. Mas para Montenegro, o que interessa é a sua Spinumviva.
A habitação é uma crise permanente. Portugal tem os preços de casas mais elevados da OCDE e ao mesmo tempo os salários mais baixos. Como se pode aceitar que uma casa em Amsterdão seja mais barata do que em Lisboa ou Porto (e esteja quase aos preços de São João da Madeira) quando lá o salário mínimo é de cerca de 2.500€? Mas sobre isto, claro, Montenegro não quer falar.
Estas eleições não deveriam ser para decidir se um Primeiro-Ministro pode andar a fazer negócios por fora ao mesmo tempo que é Primeiro-Ministro. Não pode. Ponto final. Estas eleições não deviam ser sobre a Spinumviva. Deviam ser sobre Portugal. Sobre o que hoje asfixia este país e quem cá vive.
Devíamos estar a debater a vergonha que é o salário não dar para arrendar uma casa ou o supermercado que está cada vez mais caro. Isto enquanto fundos imobiliários, banca e supermercados anunciam lucros astronómicos.
Devíamos estar a debater o aumento do salário, a redução da semana de trabalho para termos mais tempo para viver, ou então a antecipação da idade da reforma para quem trabalha por turnos.
Devíamos estar a debater como é que temos saúde a tempo e horas, como é que as nossas consultas e cirurgias podem ser mais rápidas. Como é que temos acesso a médico, psicológico a nutricionista.
Bem sabemos que o PSD não quer debater isso. Afinal, só tem cadastro em todos estes assuntos. Também sabemos que outros, como a IL ou o CH também não têm nenhum interesse em debater estes assuntos porque o que propõem só beneficiam os ricos e enterram cada vez mais os que vivem do seu salário.
Mas é nestes assuntos que temos de transformar as eleições de dia 18 de maio. Eles podem não querer falar destes assuntos, mas vamos levar estes assuntos às urnas, com o nosso voto. Dia 18 voto Bloco de Esquerda; a Spinumviva não me engana.