Crónica de uma cidade esquecida

Por estes dias temos recebido em nossas casas o “Boletim Municipal” onde é apresentada aos sanjoanenses a atividade do município. Várias pessoas têm-me questionado sobre a pertinência desta publicação, mas o que é certo é que é uma prática habitual de muitos municípios e uma forma de aproximar os poderes públicos dos munícipes. Como sempre faço, li com atenção o seu conteúdo  mas houve desde logo um aspeto que me chamou particular atenção: a capa escolhida para ilustrar a publicação.
Todos os sanjoanenses identificaram que a imagem escolhida é uma fotografia de parte do edifício 2 da Sanjotec. À partida seria uma escolha normal, mas esta opção está atrasada no tempo e demonstra bem a falta de iniciativa que o executivo socialista tem para implementar obras estruturantes na nossa cidade.
Fosse a gestão municipal outra e a imagem da capa seria a do projeto do edifício 4 da Sanjotec porque já estaria concluído e em pleno funcionamento o edifício 3. Infelizmente não é essa a realidade da nossa cidade. Ninguém nega que as reabilitações urbanas são necessárias, mas só isso não basta para alavancar a posição de centralidade na região que S. João da Madeira tem vindo a perder. As opções na reabilitação urbana são questionáveis, como é o caso do projeto da intervenção na Avenida do Brasil, mas a par destas tem de haver uma aposta em obras estruturantes como, por exemplo, um novo complexo de piscinas, o nó de ligação direta da zona industrial ao IC2 ou a defesa intransigente da ligação direta ao Porto através da ferrovia, defesa esta que o Partido Socialista local não quer fazer.
Falta ambição, ousadia e visão de futuro a este executivo socialista, características que definem os sanjoanenses e que urge recuperar. Resumindo, não encontro neste Boletim Municipal o destaque para um novo projeto de revitalização da cidade, como seria expectável; parece-me mais voltado para promover a imagem da administração municipal e menos centrado nas necessidades e interesses dos cidadãos... uma crónica de uma cidade esquecida.