Nesta fase da minha vida acredito que se coisas há, boas ou más, elas vêm ter connosco e não o contrário. Foi com este tipo de pensamento que fui convidado para treinar os Sub18 de basquetebol da A. D. Sanjoanense pela pessoa do sr. Presidente Luís Vargas. O que muito me em encheu de orgulho e naturalmente é sempre um prazer fazer aquilo que fiz toda a minha vida.
Até aqui tudo bem... rapazes maravilhosos, ávidos de aprender, desejosos de voltar aos jogos... Lá andava eu todo feliz, a transportar as bolas de um pavilhão para o outro, a registar os treinos diários... enfim, coisas de um treinador! De repente, sou confrontado com a ideia de que para me sentar no banco a orientar a equipa tinha necessidade de apresentar um título profissional... E lá fui eu buscar a capa com a minha história desportiva, parada desde o início da pandemia. Aí constato que o dito título tinha caducado no final de 2021. Mau... lá tinha de ir tentar renovar o dito título. Pelo telefone contacto o Instituto Português de Desportos e Juventude (IPDJ). Do outro lado responde-me uma voz feminina com ar cansado, aliás, confessou-me estar mesmo cansada, mas não era ela que resolvia estes problemas e passou a minha chamada para um colega. Este, por sua vez, começou desta forma: “Diga!”, ao que respondi “Diga, se faz favor!”, ele rematou pedindo um número de identificação da minha pessoa. De seguida, contei-lhe a história da minha vida desde pequenino dedicado ao basquetebol, e que tinha necessidade de tal título para servir o meu clube como treinador. Depois da minha exposição, que lhe deve ter dado sono, o indivíduo disse-me, lá de cima da sua sapiência: “Precisa de créditos.” ,“ Créditos, ok, quantos?” respondi eu. “Três...” disse a voz do outro lado da linha. “Onde é que eu adquiro os créditos?”, inquiri eu. “Na associação”, respondeu-me ele. Despedi-me com um obrigado e com o desejo de que o indivíduo, numa próxima, fosse mais simpático e educado.
Depois deste episódio com IPDJ, dirigi-me à sede da A.D.S. para lhes comunicar a minha situação. Da sede ligamos para a Associação de Basquetebol de Aveiro. Naquele organismo, a senhora de serviço disse-me que não competia àquela entidade facultar os créditos que desejava para poder exercer as funções de treinador de basquetebol. Já a ser apossado de uma ligeira irritação e, porque senti que não havia ninguém interessado na resolução deste imbróglio burocrático próprio do nosso país. Vim para casa convicto que era meu propósito colaborar... Bem, culpa minha! Penso que o nosso governo devia deitar um olho a estes organismos, pois créditos significam dinheiro, e se as pessoas não trabalham como é que adquirem esse dinheiro?
Enfim, este foi mais um episódio que a vida me ofereceu. O problema, meus amigos, é que quando estiverem nas bancadas a mandar “bitaites”, alguém do IPDJ, se lembra e lhes perguntam se têm créditos para tal... Mas, como dizia Nietzsche “Aquilo que não me mata torna-me mais forte.”
Na música, ouçam Eminem. Nos livros, “O país dos jeitosos”, de José Pedro Gomes.
Por vezes é necessário desabafar!