Opinião

COOP29 - muita parra e pouca uva

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Há 45 anos, um prestigiado académico e meteorologista americano, Jule Charney, liderando uma equipa pluridisciplinar de cientistas, apresentou um estudo que obteve um grande consenso da comunidade cientifica e que alertava para as alterações climáticas.
O estudo, designado “Dióxido de Carbono e Clima”, também conhecido como o Relatório Charney, deixou claro que a biodiversidade e os ecossistemas, serão profundamente afectados se continuar a queima de hidrocarbonetos no mundo, como estava a acontecer.
O relatório afirmava que se não diminuíssem, drasticamente, as grandes quantidades de dióxido carbono libertadas para a atmosfera haveria aumento da temperatura, degelo dos glaciares e subida dos níveis da água do mar.
As recomendações do relatório de Charney não foram ouvidas. As mudanças climáticas anunciadas em 1979 já começaram a ser sentidas. Hoje não podemos ter dúvidas que se não forem tomadas medidas que reduzam o consumo de hidrocarbonetos, daqui por alguns anos muitos pessoas vão sofrer com as secas, a diminuição da produção agrícola e as alterações climáticas.
É cada vez maior a consciência dos cidadãos que há um grande desequilíbrio na relação do Homem com Natureza. É fundamental que se altere esta relação.
De 11 a 22 do mês de Novembro deste ano, em Baku, capital do Azerbaijão, realizou-se a 29ª. Conferência do Clima (COP29). Durante 12 dias esta cidade tornou-se o centro mediático das discussões sobre as mudanças climáticas, a sustentabilidade e os compromissos dos estados e das instituições para preservar o ambiente. Cerca de 30 mil participantes, incluindo governantes, cientistas e organizações não governamentais estiveram presentes, mas a conferência ficou longe de ter nota positiva.
A razão de fundo para o insucesso prende-se com o facto de os representantes dos países mais ricos fazerem depender as políticas ecológicas das regras do mercado. Como se o mercado se movesse fora da expectativa do lucro.
É absolutamente necessário salvar a Natureza, mas isto não será possível se as decisões estiverem dependentes da ambição dos mais ricos, como têm estado até aqui. Os problemas da ecologia não se resolvem com as ideias neoliberais que encaram os ganhos do capital como a chave mestra do desenvolvimento. Devem ser os estados e não o poder económico a ter a capacidade de decisão nesta área.
É urgente uma alteração significativa na politica ambiental, se tal não acontecer o futuro da Humanidade estará comprometido.

O autor escreve segundo o antigo Acordo Ortográfico
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