Sorrir para todos quebra barreiras, afasta o medo, gera amor, cria empatia, revela abertura, bondade, simpatia e lança pontes de aproximação.
Deixou esta terra um Homem com letra grande que se chamava Vítor Feytor Pinto. Era o homem do sorriso. Aos 5 anos, ia com o pai todos os sábados visitar os pobres e levar-lhes alimentos, pois ele fazia parte da Conferência de S. Vicente de Paulo, ligada à Igreja, tendo como missão socorrer os necessitados.
Esta missão do seu pai tocava-o profundamente e decidiu que um dia seria sacerdote.
Aceitava todas as sensibilidades políticas com a mesma dignidade e respeito. Sabia como ninguém ouvir todos aqueles que pensavam diferente. Sabia receber com um sorriso, políticos que não eram da sua ideologia. José Socrátes pediu a sua opinião, quanto à despenalização da droga, quando o padre Feytor Pinto foi nomeado por Cavaco Silva, para o cargo de alto comissário do Projeto Vida, sobre a problemática do consumo de drogas. Dada a sua sensibilidade afável, os políticos viam-no como amigo. Entre eles: Maria de Belém Roseira, Correia de Campos e Paulo Macedo. Este último, ministro da saúde, telefona-lhe um dia, e pergunta-lhe:
- O Senhor gosta de lampreia?...
- Sim,sim, adoro!...
- Então está convidado, para tal dia em tal sítio à hora que mais lhe convier.
- Sim senhor, combinado!...
Findo o repasto, sempre a sorrir diz Feytor Pinto:
- Esta refeição tem de ser paga, qual é o custo?...
- Era se fazia um apelo à Igreja de Lisboa, para as pessoas doarem sangue, pois o SNS está quase em rotura, com a sua falta.
A resposta não se fez esperar:
- Muito bem, combinado!...
Eu tive contacto com Feytor Pinto no batizado da minha neta Carolina, pois foi ele que o realizou, porque a minha filha em Lisboa era frequentadora da sua Igreja, na freguesia de Campo Grande.
Foi tudo tão lindo!...
A Teresinha, o João, um filhinho e a Carolina bebé ao colo da mãe, junto ao altar, em silêncio, sem perturbar a Eucaristia.
No fim desta, Feytor Pinto, que era de elevada estatura, pega na pequenina tão linda, levanta-a nos braços e diz para todos:
- A Carolina hoje, é mais um membro da nossa querida comunidade!...
Logo se fez ouvir uma estrondosa salva de palmas!...
Queria este sacerdote que a celebração da Eucaristia juntasse pais e filhos mesmo pequeninos. Punha-os a participar. A maestra que sabia de música, ensinava-os a tocar pauzinhos, para solenizar o canto.
Meus queridos leitores, a morte deste sacerdote deixa-me muito triste. Lembro a sua última mensagem, em 2019, sobre a morte:
- Ela é apenas uma porta: do lado de cá é o limite da natureza, do lado de lá é a ternura de Deus!...