
Nos últimos anos, temos testemunhado uma transformação significativa no comportamento de consumo, impulsionada pela conveniência dos shoppings e do comércio eletrónico. Ambos oferecem flexibilidade de horários, diversidade de opções e conforto inegável. Entretanto, o comércio de rua possui a proximidade e um charme único, oferecendo uma experiência autêntica que os ambientes fechados e virtuais não conseguem replicar. Para permanecer relevante e competitivo, o comércio de rua, no meu entendimento, deve considerar a adaptação dos horários de funcionamento, alinhando-se às exigências da vida moderna e às dinâmicas de circulação de pessoas.
A indústria e os shoppings operam com base na compreensão de que a vida moderna é regida por horários variados. O dia a dia de trabalho já não é limitado ao tradicional horário comercial de 9h às 19h. Trabalhadores por turnos, profissionais liberais e o crescente número de freelancers necessitam de opções de compras que se enquadrem nos seus horários. Assim, o comércio de rua deve explorar horários de funcionamento estendidos ou adaptáveis, para capturar esse público diversificado.
A chave para a adaptação eficaz dos horários de funcionamento reside no entendimento das dinâmicas de circulação de pessoas. Análises de fluxo em áreas comerciais urbanas revelaram que o pico de movimento nas ruas ocorre entre as 17h e as 20h, período que coincide com o término do expediente para a maioria das pessoas (Fonte: IPOM- Instituto de pesquisa de opinião de mercado). Esses dados sugerem que estender o horário de funcionamento para além das 19h poderia aumentar a afluência de clientes em até 40%.
Analisar padrões de movimento, identificar picos de afluência e compreender os períodos de menor movimento podem fornecer indicadores valiosos para a tomada de decisão. Para reforçar esta opinião, um outro estudo recente indicou que 65% dos consumidores preferem fazer as compras após as 19h, período em que a maioria dos estabelecimentos de rua já estão fechados (Fonte: IPOM). Isso demonstra uma discrepância significativa entre os horários de funcionamento tradicionais do comércio de rua e as preferências dos consumidores atuais.
Além da conveniência, o comércio de rua oferece uma experiência rica e diversificada, que pode ser ainda mais valorizada com horários de funcionamento expandidos, atraindo uma ampla gama de clientes e revitalizando a economia local.
Os shoppings e o comércio eletrónico são conhecidos pela sua adaptabilidade, mas o comércio de rua tem a oportunidade de se destacar oferecendo algo que vai além: uma experiência comunitária e personalizada. Adaptando-se aos horários em que as pessoas estão realmente disponíveis, o comércio de rua pode oferecer um ambiente mais desejável e acessível, fortalecendo a sua posição.
A adaptação dos horários de funcionamento do comércio de rua é mais do que uma necessidade; é uma oportunidade de reinvenção e reafirmação da sua relevância na era moderna. Ao se alinhar com a procura dos consumidores e explorar novas formas de compromisso.
Paralelamente à flexibilização dos horários, observa-se uma tendência crescente no setor de serviços de optar pelo atendimento por marcação, uma prática que se alinha ainda mais às exigências do ritmo de vida contemporâneo. Esta abordagem permite aos consumidores planear as suas visitas de forma conveniente, garantindo um serviço personalizado e sem tempos de espera, o que reflete um esforço notável do setor para se aproximar das necessidades individuais de cada cliente. Assim, o comércio de rua pode beneficiar-se ao adotar estratégias semelhantes, personalizando a experiência de compra e aumentando a satisfação do cliente, o que pode ser um diferencial competitivo importante frente aos grandes centros comerciais e ao e-commerce.

