Com passes mensais na ordem dos 50 euros, não tenho dúvida que milhares de pessoas trocariam o carro ou autocarro pelo comboio, nas suas deslocações para o Porto. Desde que não seja obrigatório mudar de comboio em Espinho.
O Movimento Cívico da Linha do Vouga entendeu manifestar desacordo perante a posição que tomei em defesa duma ligação direta de comboio entre Oliveira de Azeméis, S. João da Madeira e Santa Maria da Feira até à cidade do Porto, aproveitando o canal da atual linha do Vouga.
Em resumo, o MCLV entende que não há qualquer problema em mudar de comboio em Espinho, já que quando se chega ao Porto também é necessário mudar para o metro ou o autocarro. Ou seja: já que se tem de mudar no Porto, nada custa mudar também em Espinho. Dito de outra forma: mudar uma vez ou duas vezes é indiferente.
De facto, estamos em desacordo. Considero que um Sanjoanense iria optar por se deslocar de comboio se tivesse uma ligação direta entre S. João da Madeira e o Porto. Se tiver de mudar de comboio em Espinho, o desconforto e o tempo que se perde são desincentivadores da viagem por comboio. Neste caso, o automóvel e o autocarro continuarão a ser a opção preferida.
O MCLV defende também que a manutenção da atual bitola métrica permitirá a exploração turística da linha do Vouga. Estamos novamente em desacordo. Eu não defendo que o recurso valioso que é o canal ferroviário entre Oliveira de Azeméis e o Porto deve estar ao serviço da exploração turística, mas sim para transportar os milhares de residentes que diariamente se deslocam de carro ou autocarro até ao Porto.
Respeito quem dê prioridade à exploração turística duma memória de tempos que não voltarão. Respeito, mas não concordo. Penso em primeiro lugar nos milhares de cidadãos que não têm maneira de se deslocar até à nossa capital metropolitana e regional de forma económica e ambientalmente sustentável.
Com uma linha eletrificada, com alguma correção do traçado que garanta velocidades entre 80 e 100 Km por hora, será possível fazer o percurso entre S. João da Madeira e as Devesas (futura estação do Metro do Porto) em pouco mais de 40 minutos. Com passes mensais na ordem dos 50 euros, não tenho dúvida que milhares de pessoas trocariam o carro ou autocarro pelo comboio, nas suas deslocações para o Porto. Desde que não seja obrigatório mudar de comboio em Espinho.