Opinião

Coisas várias

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Há um carro abandonado na Rua Pedro Álvares Cabral, junto ao Tribunal, em perfeita decomposição pelo tempo e pelo vandalismo. Apesar de muitas reclamações, nada foi feito e continua na mesma.

A INVASÃO DA UCRÂNIA Não há nenhuma justificação legal para que a Federação Russa tenha invadido a Ucrânia.
Tratou-se de uma grave violação da Carta das Nações Unidas, cujas vitimas são populações ucranianas, russas, moldavas, tártaras, bielorussas, búlgaras e húngaras que coabitam, aquele território criado, após a Revolução Socialista de 1917, designado Ucrânia.
Há muitas pessoas que defendem a Paz, nas quais me incluo, que reclamam que não haja dois pesos e duas medidas para avaliar situações do mesmo tipo. A violação da Carta das Nações Unidas que a Federação Russa levou a cabo é tão grave como as invasões que as forças da NATO realizaram: na Jugoslávia em 24 de Março de 1999; no Iraque em 20 de Março de 2003 e na Líbia em 19 de Março de 2011. Par falar só dos casos mais recentes.
Também nestas invasões que os «civilizados ocidentais» fizeram, não lhes chamaram invasões, mas operações militares e outras coisas. Também houve muitas mortes de civis, até uma embaixada, de um país alheio foi bombardeada provocando a morte de vários funcionários. Houve bombardeamentos: de civis; de pontes; de estradas; de caminhos de ferro; de centrais energéticas; de hospitais, de escolas, etc. Os ocidentalistas negaram a existência de crimes de guerra e argumentaram que tratar-se de «danos colaterais», morreram centenas de milhares de pessoas e houve milhões de deslocados.
Não conseguimos esquecer o Vietname, o Laos e o Camboja, onde morreram cerca de 5 milhões de pessoas. Uma guerra onde os «civilizados» do lado de cá, despejaram milhões de bombas, de todas as formas e feitios, inclusive químicas, contra a população civil que chamavam terrorista. Quem nunca ouviu falar da menina do napalm?
Igualmente doloroso é lembrar a Palestina ilegalmente ocupada, pelo «civilizado» Estado de Israel, há mais de 50 anos, sempre com a compreensão do «Ocidente Alargado» e da generalidade dos nossos comentadores.
É impressionante que o clamor dos pró-NATO, ainda há poucos anos muito amigos do regime de direita da Federação Russa (de Ieltsin e de Putin), mas agora tão empenhados no ódio contra tudo que é russo. Recomendo-lhes que leiam Leão Tolstói, em particular as “Crónicas de Sebastopol”, ajuda a compreender algumas incógnitas da equação Leste / Oeste, que podem provocar o fim da Humanidade. O insuspeito Kissinger, professor, historiador e político, é um especial admirador deste escritor russo - um dos maiores da Humanidade.
É inaceitável que as pessoas defensoras do pensamento único não aceitem que todas as invasões são criminosas. Usando o palavreado grotesco de Milhazes, parece-me que “ou são absolutamente desonestas ou idiotas acabadas”.
Penso que “os portugueses se interessam por coisas importantes” e espero que compreendam que “não se apagam incêndios com gasolina”. É preciso procurar a Paz com diplomacia. Sem isso nada feito.
Não é correcto dizer, como disse Milhazes, que “este conflito veio rebentar completamente com um sistema de relações criadas depois da segunda guerra mundial”. O dito sistema ruiu, há cerca de 30 anos, na década de 90 do século passado.
A guerra na Ucrânia iniciou-se em 2014, no Donbass, região habitada maioritariamente por russos, morreram lá antes de 24 de Fevereiro, mais de 15 mil pessoas, mas quase ninguém falou delas. Hoje, estamos às portas de um conflito global que corre o risco de se tornar nuclear e terminal para a Humanidade. A Rússia, assim como os Estados Unidos, tem um arsenal atómico suficiente para destruir o planeta várias vezes. Oxalá haja bom senso!

MILHAZES A estrela da TV, esteve cá. Apesar de ser um comentador tão famoso a sala não esteve cheia.
O Labor diz que Milhazes, «jornalista e historiador, viveu quase 40 anos na União Soviética». Isto não é verdade. Ele só foi para a União Soviética, a primeira vez, em 1977, integrado num grupo de jovens bolseiros, entre eles uma sanjoanense, com uma bolsa de 5 anos. A URSS dissolveu-se em 1991. Escrever «quase 40 anos» é um disparate.
Os países socialistas tinham o hábito dar apoio a cidadãos estrangeiros com dificuldades económicas, na área do ensino e da saúde. Em S. João da Madeira há pessoas a trabalhar, que se formaram nos antigos países socialistas em várias áreas (Engenharia, História, Medicina, etc.). Também temos cá, várias pessoas de condições modestas, que foram a esses países fazer tratamentos médicos, sempre gratuitos, inclusive cirurgias, que cá ou não se faziam ou não eram acessíveis a todas as bolsas.
A opinião de Milhazes sobre a URSS e restantes países socialistas, é muito diferente da dos nossos conterrâneos que também lá estiveram, quer a estudar, quer a tratar-se, mas aquele, devido ao seu populismo, à sua promoção televisiva, à sua linguagem extremista e ao seu português vernáculo, está na moda. Por isso contávamos com sala cheia e ficámos admirados que tal não acontecesse.
Há quem diga que o debate foi unanimista e desinteressante por não haver «contraditório». Não falaram os defensores de Putin. Eu compreendo. Os pobres defensores estavam na sala, ouviram e ficaram calados. Nunca se sabe o que as más línguas iriam dizer, ou escrever nos jornais. Não vale a pena correr o risco de serem proibidos de vender na Rússia (calçado, cortiça, vestuário, azeite, etc.). Compreende-se!

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