Opinião

Coisas várias

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Violência contra as mulheres
O Movimento Democrático de Mulheres (MDM) é uma organização fundada em 1968, independente do Estado, de partidos políticos e de religiões. Assume-se como uma corrente de opinião que luta pela igualdade de direitos entre homens e mulheres. É um movimento que resistiu à ditadura e sempre lutou contra a opressão e as desigualdades. A sua história, conta com mulheres de grande envergadura, como Maria Lamas.
O MDM alertou-nos, no dia 25 de Novembro, Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres, para a dimensão da tragédia que as mulheres sofrem por todo o mundo. No seu tempo de antena, mostrou números aterradores: da violência doméstica; da violência sexual; do tráfico de seres humanos para o negócio de proxenetas (que arrastam mulheres e crianças para a prostituição em todo o mundo); do abuso sexual de mulheres; da violação sexual; etc.
Não podemos ficar indiferentes a tal conjunto de crimes, tão hediondos, que não se extinguem se nada for feito. Crimes que parecem distantes, mas que vivem paredes-meias connosco, como foi o caso da Irmã Tona. Não podemos pensar que o mal só acontece aos outros. Muitas das mulheres vítimas destas violências podem ser nossas avós, nossas mães, nossas companheiras, nossas filhas ou as nossas irmãs.
Não podemos deixar de nos inquietar. Como escreveu Sophia de Mello Breyner, e cantou Francisco Fanhais, “Vemos ouvimos e lemos, Não podemos ignorar”!

O Chrysler à prova de bala
Na luta contra a ditadura, houve da parte de diversos antifascistas, a ousadia de fugir da cadeia para continuar a sua missão no exterior. Os comunistas têm um manancial de histórias de fugas, carregadas de valentia, de subtileza, de inteligência, de determinação e de sacrifício.
Todas elas têm uma dose de espectacularidade impressionante, mas a fuga do “Estabelecimento Prisional de Caxias”, à vista dos guardas, num dos carros blindados de Salazar, que se encontrava guardado na garagem da cadeia por estar avariado, é digna de um filme de Hollywood.
Fez no dia 4 de Dezembro 60 anos, que José Magro, Domingos Abrantes, Francisco Miguel, Guilherme Carvalho, António Gervásio, Ilídio Esteves, Rolando Verdial e António Tereso protagonizaram, para mim, a mais espectacular fuga das prisões do regime de Salazar.
António Tereso, motorista, com conhecimentos de mecânica, fez-se passar por “rachado” (traidor) e com isso conseguiu obter a confiança necessária, dos agentes da PIDE, dos guardas e do director da cadeia, para circular dentro das instalações da prisão com grande liberdade e ter acesso ao carro avariado. Assim foi construído um plano de fuga, o carro foi reparado pelo Tereso, com autorização do director e no dia 4 de Dezembro de 1961 levado por ele para o pátio da cadeia, à hora em que os presos estavam no recreio. O grito de “golo”, de um dos implicados, foi a senha para que todos se metessem dentro do carro que arrancou a toda a velocidade contra o portão destruindo-o parcialmente, permitindo que o carro passasse e circulasse até Lisboa. Ao sair para o exterior os guarda ripostaram com tiros, mas só serviram para certificar de que o carro era bem blindado.
Deste modo, os fugitivos voltaram à vida clandestina e à luta contra o regime - que viria a durar ainda mais 13 anos.
O Chrysler Imperial de 1937, usado na fuga, encontra-se exposto no Museu do Buçaco.

A patinagem no plástico
Nas comemorações do Natal, anteriores à pandemia, o executivo municipal brindou a cidade com uma pista de patinagem no gelo. A pista tinha uma máquina de frio que trabalhava a energia eléctrica e funcionava de dia e noite, para garantir o pavimento em condições de ser “patinável”.
Criticamos a iniciativa, entre outras coisas, pelo gasto energético que o evento consumia. Pedimos informação, por escrito, ao senhor Presidente da Câmara sobre a quantidade de kilowatts-hora consumidos e do seu custo. Não obtivemos resposta. Reclamamos o pedido de informação e lembramos que uma das bandeiras da Câmara era a poupança energética, mas, mesmo assim, a resposta voltou a ser o silêncio.
Este ano, o senhor Presidente premeia-nos com uma grande barraca transparente que atravanca a Praça. É, quanto a nós, uma solução esteticamente fraca, mas tem uma grande vantagem sobre a anterior pelo facto de o pavimento ser um material plástico que não precisa de uma máquina acoplada a consumir energia. Sem dúvida que ponderou melhor.
Por fim, ocorre-nos outra critica que já fizemos sobre a pista de patinagem no gelo. Sendo os patins de rodas em linha e paralelas, uma prática mais acessível, no caso dos patins de rodas paralelas, uma tradição de SJM e ainda, tendo em conta que estes patins são considerados mecanismos usados na mobilidade suave, tão falada na última campanha eleitoral, porque não optaram por soluções com patins de rodas, promovendo uma patinagem bem mais ao nosso jeito? Fica a pergunta.

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