Todos nós, e principalmente quando sentimos os anos a passar por nós, ou ao contrário, nós a passarmos pelos anos, é só escolher. Para o caso até não tem assim grande interesse. O que pretendo referir-me é ao esforço mental que acontece a muita boa gente para nos lembrar de algo. Neste caso de uma palavra. E ela, a palavra, não aparece. O problema é que a minha mulher não costuma falhar. A branca, neste caso, foi a dobrar.
Íamos sentados no comboio em direção a Espinho, para aí fazermos o transbordo que nos levaria até Coimbra, quando, no nosso diálogo, nos lembramos que as linhas dos comboios têm várias medidas na largura e que essas medidas foi-lhes atribuído um nome. O curioso é que até nos lembramos do nome do político que falou na ideia de melhorar a linha do Vouga e no problema que era alterar ou não essas medidas. O nosso problema era o nome que as medidas das linhas dos comboios tem. Porque em relação à melhoria das linhas, da paisagem, do serviço, etc. basta-nos esperar por eleições para que os políticos nos encham de alegrias que hão de vir no futuro, claro, se as ganharem. As eleições, claro!
Não desistimos de ficar a saber o nome das tais medidas e quando chegamos a Espinho dirigimo-nos ao senhor dos bilhetes, e ele, com toda a sabedoria de quem sabe da poda, lá nos relembrou: bitola! Olhamos um para o outro e dissemos em voz alta e em uníssono: “Claro, bitola!”. O funcionário da C.P., com toda a simpatia, lá acrescentou as medidas da bitola, que no caso da linha do Vouga é de um metro. Mudamos de comboio e de bitola…
A memória é de facto algo que convém preservar e, por vezes basta um pequeno empurrão e, bem, lá fui rebuscar algo que me diziam lá para trás no tempo, “É pá, não convém medir tudo pela mesma bitola!”. E é curioso, a bitola até nos fez companhia na viagem! Pois descobrimos, por mera curiosidade, que na Macedónia do Norte, a segunda cidade tem o nome de Bitola.
Na música, a sugestão que um amigo, Augusto Macedo, me enviou, um vídeo documentário muito raro, do Miles Davis, Keith Jarrett, entre outros a actuarem no Cascais Jazz em novembro de 1971. E, claro, Miles Davis, ouve-se sempre!
Nos livros, um bem fresquinho, “Ensaio sobre o fim do mundo”, do Tiago Moita.
Igualdade social e mental… já agora porque não almejamos esta bitola?!