Opinião

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Em tempo de eleições os eleitores são chamados a avaliar o trabalho do governo em funções e a escolher qual dos partidos apresenta as melhores propostas para o futuro e os rostos mais credíveis.
O primeiro passo é avaliar o governo em funções. Nas diferentes áreas da nossa vida, estamos hoje melhor ou pior do que quando o governo iniciou funções? Quem tenha opções partidárias muito marcadas, tenderá a considerar que o governo em funções atuou bem ou mal, consoante seja simpatizante ou adversário do partido que suporta o governo. Mas muitos cidadãos, talvez a maioria, não se sentem vinculados a qualquer partido, estando disponíveis para votar em cada momento de acordo com a avaliação que fazem dos resultados que o governo tem para apresentar.
Olhemos para o caso da saúde. Que resultados tem o Governo para apresentar? Diz o Governo que hoje se fazem mais consultas e mais cirurgias do que há 8 anos atras. E é verdade. E que gasta com a saúde muito mais que há 8 anos atras. Também é verdade. O problema é que hoje há muito mais pessoas sem médico de família e as listas de espera para uma consulta medica ou para uma cirurgia são hoje muito maiores do que há 8 anos. As despesas com saúde aumentaram brutalmente, mas os cidadãos não ficaram melhor servidos. É muito estranho verificar que nos últimos 8 anos não tenha sido construído um único hospital, enquanto que nos 4 anis de intervenção da troika, quando não havia dinheiro para nada, foram construídos 7 hospitais.

“Em áreas fundamentais da governação, os indicadores de resultado mostram que o Governo se saiu mal. Francamente mal.”

E na educação? Também aqui o Governo não tem bons resultados para apresentar, salvo no indicador do abandono escolar (já abaixo dos 6%). Os resultados da aprendizagem dos nossos estudantes têm vindo a cair nos testes internacionais onde são comparados os saberes dos estudantes com a mesma idade, em diferentes países. Até 2015 os resultados dos alunos portugueses vinham a melhorar, tendo ultrapassado a media da OCDE. No último teste de Pisa Portugal baixou drasticamente, ficando novamente abaixo da média da OCDE. Se pelos frutos se avaliam as arvores…
E na carga fiscal? Os números demonstram que tem vindo a subir sucessivamente nos últimos anos, tendo já ultrapassado os 38% do PIB. Alega o Governo que o valor dos impostos cobrados aumentou por causa do crescimento económico e do volume do emprego. Esquece de dizer que esse crescimento faz aumentar o denominador da equação, o que significa que os impostos subiram mais que o crescimento económico. Nunca um governo em Portugal cobrou tantos impostos. E nenhum outro governo teve tantos fundos europeus. Não é por falta de dinheiro que o Governo não tem bons resultados para apresentar na saúde ou na educação. Em áreas fundamentais da governação, os indicadores de resultado mostram que o Governo se saiu mal. Francamente mal.
Nunca ate hoje aconteceu que o mesmo partido político tenha ganho eleições quando um chefe de governo cessa funções e não se recandidata. Quando Cavaco Silva cessou funções (porque não se recandidatou) quem ganhou as eleições seguintes foi o líder da oposição, António Guterres. Quando António Guterres cessou funções (porque se demitiu) quem ganhou as eleições seguintes foi o líder da oposição Durão Barroso. Quando há mudança de ciclo político, a vontade dos portugueses tem sido mudar mesmo. Mudar a classe política e não apenas a liderança do governo. Vamos ver como será desta vez.

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