Para iniciar esta minha crónica semanal propus-me deixar atropelar pela música inebriante, convidativa para um pé de dança com J. J. Calle. Que maravilha!
Normalmente somos voluntários para os atropelos que nos vão acontecendo no dia a dia. Para isso basta muitas das vezes ligar a tv e logo somos bombardeados por notícias que diariamente vão sendo repetidas até à exaustão. Covid, o novo aeroporto, a guerra na Ucrânia, a morte da Rainha Isabel II, a saúde, a educação, a TAP, o Bolsonaro... Ah! Ah! Ah! O futebol... este é o atropelo favorito dos portugueses. Bem, uma criança que arrisque vestir uma camisola que não seja das cores da equipa da casa e está sujeita a um atropelo verbal. E, quantas vezes, ao ligarmos a televisão, não damos de caras com aquele programa que já passou vezes sem conta?! Bem, só não somos voluntários numa passadeira qualquer, excepto quando vamos com auriculares e o telemóvel na mão.
Um dia destes, quando estava com um grupo de amigos, um deles virando-se para mim disparou: “Sabes quem morreu?” Fiquei sem ação... e lá veio o atropelo: “Foi a minha comadre”. Fiquei incrédulo. Estas notícias doem, só podemos imaginar a dor daqueles que neste momento sofrem. Naturalmente que estamos solidários...
Na música, uma orquestra de New Orleans tocando pela rua abaixo uma marcha fúnebre.
Nos livros, “Os justos”, de Albert Camus.
Não sejam voluntários para os atropelos, ou sejam! Para aqueles atropelos que nos surpreendam sejam fortes!!!