Por estes dias, a incerteza quanto à aprovação do Orçamento de Estado para o ano de 2025, tem deixado o país político em suspenso. A possibilidade de o Presidente da República agendar eleições legislativas, para janeiro ou fevereiro do próximo ano, paira no horizonte e com isto o calendário eleitoral autárquico fica para segundo plano.
Em período de normalidade, o próximo ato eleitoral seriam as eleições autárquicas, que deverão ser realizadas entre o final de setembro e o inicio do mês de outubro de 2025.
Prevendo essa regularidade, o atual Presidente da Câmara Municipal de São João da Madeira, Jorge Sequeira, anunciou a sua disponibilidade para se recandidatar.
A antecedência da divulgação surpreendeu.
Em primeiro lugar, por ser no rescaldo das eleições europeias, nas quais o Partido Socialista (PS) recuperou votantes e conseguiu ser o partido mais votado. Este ato eleitoral, recorde-se, foi o culminar do ciclo eleitoral de 2024. A coincidência na eleição de Pedro Nuno Santos como secretário geral do PS, criou um certo burburinho sobre a carreira política dos demais militantes locais. No final ciclo, nenhuma alteração foi consumada na composição dos órgãos autárquicos, pelos elementos do PS.
Em segundo lugar, por não haver qualquer movimentação de possíveis candidatos dos partidos de oposição. Antes pelo contrário, o mais frequente nestes últimos meses é ser noticiada a aproximação de militantes dos partidos, que formam a coligação “A melhor cidade do país”, ao parlamento nacional ou a funções dentro do próprio XXIV Governo Constitucional.
Perante este cenário sem causalidade, apenas se compreendia o anúncio de junho, de Jorge Sequeira, pela vontade de informar os seus pares, pois uma recandidatura autárquica, por ser tacitamente aceite pelos eleitores, não é necessário ser proclamada a treze meses das eleições.
Só que tal facto em junho era incompreensível. Não existia contestação dos militantes do PS. Nem se deslumbrava qualquer manobra no horizonte. As eleições para a concelhia do partido seriam pacíficas, como efetivamente o foram.
Só em julho, perante o alvoroço da apresentação de duas candidaturas à Federação Distrital do PS, é que se começou a perceber o sentido da vontade de Jorge Sequeira, em se manifestar disponível para uma recandidatura autárquica.
Ao afirmar-se candidato à Câmara Municipal, Jorge Sequeira condicionou a escolha do partido no próximo ano. Mesmo que alguns militantes locais quisessem condicionar as eleições distritais, procurando uma outra solução para São João da Madeira, com o apoio a Hugo Oliveira – o outro candidato à Federação Distrital do PS –, a antecipação do edil não permitirá qualquer jogada de bastidor.
As eleições para a Federação Distrital realizam-se esta sexta-feira, dia 27 de setembro. Pelo entusiasmo demonstrado por candidatos, pelos militantes do distrito, será um ato eleitoral concorrido.
Independentemente do desfecho de sábado, haverá nas semanas seguintes muita incerteza, como referi no primeiro parágrafo, quanto à aprovação do Orçamento de Estado. Caso haja eleições legislativas no início de 2025, recomeçará todo o processo de elaboração de listas, possíveis deputados e até a efabulação de cenários para membros de um futuro Governo. Com o compromisso assumido por Jorge Sequeira, os eleitores de São João da Madeira não terão qualquer sobressalto, pois sabem à partida que a recandidatura anunciada, não será retirada.
Quanto a candidatos de outros partidos políticos, pelo ritmo incutido pelas concelhias, só para 2025 é que surgirão novidades.