No final do Verão teremos as eleições autárquicas, mas as presidenciais já ocupam muito espaço mediático.
Para o PSD tudo parecia estar no bom caminho. Marques Mendes era o escolhido. Durante 12 anos foi promovido pela SIC, que lhe deu um programa no horário nobre. Marques Mendes falou como se fosse uma superestrela. Sem contraditório. Contamos, pelo menos, 620 programas. Como é possível que uma estação de televisão, num país democrático, se preste a promover um político desta maneira?
Não há direito a reclamação! Quem manda é o Balsemão!
Apesar das expectativas iniciais dos apoiantes de Marques Mendes serem muito altas, surgiu-lhes um percalço. Apareceu um candidato, um militar, que apesar de não querer «ser político», acabou por decidir entrar na «roda». E fê-lo com apoio de vários barões do PSD, entre eles, pelo menos um ex-Presidente do partido. No campo da direita tudo ficou baralhado.
Entretanto, no campo do PS, como era esperado, surgiu um candidato, António José Seguro - ex-Secretário-Geral. Apresentou-se com sala cheia e vários apoiantes ilustres do seu partido.
Ouvimos a sua apresentação. Um discurso bem construído com sentido de responsabilidade. Registamos o que disse sobre: os gastos com a defesa; a paz; os serviços públicos; a segurança social e a democracia. Ficámos decepcionados quando Seguro falou de rendimentos do trabalho.
Seguro disse como a direita costuma dizer, citamos de memória, «é preciso pôr o País a criar mais riqueza, para que os trabalhadores possam ter melhores salários». Nada temos contra esta declaração de intensões. Porém, Seguro ignorou, tal como a direita sistematicamente ignora, que é também preciso, já hoje, distribuir melhor a riqueza.
É importante não ignorar que a riqueza produzida no nosso País tem aumentado, ano após ano, acima do crescimento dos salários auferidos pelos assalariados.
Nos últimos 25 anos o PIB, a riqueza produzida anualmente medida em euros, cresceu 2,2 vezes. Em contrapartida o salário médio dos portugueses só cresceu 1,8 vezes.
Esta é a outra verdade que é necessário pôr na equação. Uma verdade incontestável, comprovada pelos factos – uma verdade de La Palice. Não esperávamos que Seguro a ignorasse. Nem por lapso, nem por outra razão qualquer.
Mas será melhor, para já, que nos foquemos nas eleições autárquicas. São de grande importância para nós. Vão ser marcadas brevemente e tudo indica que sejam ainda em Setembro.
O autor escreve segundo o antigo Acordo Ortográfico.