No meu último artigo, referi que um lar áspero, violento, onde a discriminação é constante e a atmosfera é demasiado pesada, torna a educação muito difícil e gera pessoas violentas e filhos desajustados. A sua inteligência emocional é tão deficiente, gera revolta e até pessoas inocentes são sacrificadas, como tem acontecido, nestes últimos dias, na China.
Mas como amaciar o nosso lar e o nosso ambiente? Imitar os passarinhos que fazem os ninhos tão fofinhos que até os forram com penas que arrancam do próprio corpo. Eles, que são seres tão livres, fixam-se e alternam-se, macho e fêmea, nos cuidados dos filhinhos, enquanto os mesmos deles necessitam.
O mesmo deve fazer marido e mulher e filhos na comunidade que é o lar. A ajuda mútua evita tantas discussões.
Depois, saber ouvir;
Fazer silêncio, até que tudo acalme;
Escolher o momento próprio para chamar a atenção dos filhos, da esposa ou do marido;
É que, no auge da discussão, dizemos palavras de que nos vamos arrepender e que magoam mais do que espadas!..
Ser fiel e responsável.
Quanto ao ambiente, fazer o que fez o patriarca de Lisboa D. Rui Valério e o padre Álvaro da nossa terra.
Que fizeram eles?
D. Rui foi celebrar o dia dos pobres ao bairro do Zambujal.
Celebrou a Eucaristia e de seguida foi falar com as pessoas e saber das suas carências. Não teve medo e foi bem recebido.
O nosso Padre, na Eucaristia deste sábado, fez-me vir as lágrimas aos olhos, quando anunciou que queria ter uma reunião com os imigrantes, para saber das suas necessidades, mostrando tanta ternura!
A empatia e a bondade aprendem-se na família.
Eu nunca tive palavras duras para com a minha mãe. Com a minha sogra sempre a ajudei até à sua morte.
Aprendi com ela a sentar o pobre e andrajoso à mesa. Aprendi a ajudar com as minhas tias. Durante dois anos em que não ensinei, porque tive tuberculose e podia contagiar os alunos e elas tomaram conta de mim.
O meu pai passou-me a sua generosidade. Os padres, quando havia celebrações festivas almoçavam em minha casa. No fim duma festa na minha terra, convidou a banda de música para vir a minha casa comer uma bucha, porque tinham fome. Da comida da festa nada sobrou.
Recebeu gratuitamente uma professora durante muitos anos, pois era efetiva na minha terra e um sapateiro ganhava em S. João da Madeira, mais do que um professor.
A minha mãe ensinou-me a ser prestável. As nossas vacas serranas lavravam as terras dos caseiros mais pobres.
Meus queridos leitores, agir assim não é fácil. Mas se o fizermos seremos os principais beneficiados, pois a palavra convence, mas o exemplo arrasta.