As eleições legislativas portuguesas de maio de 2025, convocadas antecipadamente, decorreram num contexto político marcado por instabilidade e polarização. O caso “Spinumviva, Lda.” contribuiu para a necessidade de um novo ato eleitoral.
A Aliança Democrática (AD), coligação PSD/CDS-PP liderada por Luís Montenegro, procurou consolidar a sua posição como principal força de centro-direita, apresentando um programa focado na estabilidade económica e na redução da carga fiscal. O Partido Socialista (PS), liderado por Pedro Nuno Santos, ambicionava recuperar a confiança dos eleitores e a campanha enfatizou a defesa dos serviços públicos e a continuação de políticas sociais. O partido liderado por André Ventura, pretendia capitalizar o descontentamento com os partidos tradicionais, apresentando-se como uma alternativa anti-sistema, com um discurso focado na segurança e no combate à corrupção. O objetivo era o eleitorado esquecer os casos de pedofilia e do roubo de malas e procurar assim, tentar a formação de governo.
Os resultados eleitorais, com a contagem dos votos concluída, confirmaram a vitória da AD, com 89 deputados. O PS obteve 23.4% dos votos, resultando em 58 deputados. O Chega alcançou 22.6% dos votos, igualando o PS, com 58 deputados. A Iniciativa Liberal (IL) elegeu 9 deputados (5.5%), o Livre 6 deputados (4.2%), a CDU 3 deputados (3.0%), o Bloco de Esquerda (BE) 1 deputado (2.00%), o PAN 1 deputado (1.4%) e o JPP 1 deputado (0.3%).
Ainda faltam contar os votos dos círculos da emigração, os quais elegem quatro mandatos e sem fazer prognósticos sobre a distribuição desses mandatos, as eleições pouco clarificaram. A AD destacou-se muito do PS, só que continua a não conseguir maioria, nem estabilidade, parlamentar. Não se prevêem coligações, por isso, os próximos tempos serão de incerteza.
As consequências político-partidárias são complexas. A vitória da AD sem maioria absoluta obriga a negociações delicadas para garantir a governabilidade. A possível recusa da AD em coligar-se com o Chega, estreita as opções, tornando os acordos pontuais, com outros partidos minoritários, o mais provável, embora ideologicamente desafiador. O parlamento mantém uma dinâmica tripartida, com implicações significativas para a estabilidade política futura de Portugal. Com este resultado, os partidos de direita conseguem mais de dois terços da representação parlamentar, o que poderá ser uma condicionante para outros rumos da política nacional.
Pedro Nuno Santos anunciou a sua demissão da liderança do partido socialista, reconhecendo a derrota e a dificuldade em formar uma alternativa. Não será o final da sua carreira política, como o próprio admitiu, mas nos próximos tempos, dará o lugar a outros protagonistas do partido.
Se tudo correr como o previsto, o próximo ato eleitoral será o das eleições autárquicas. Neste particular, analisar a votação obtida pelos partidos neste último domingo, em São João da Madeira, demonstra que o voto dos partidos, que integraram a coligação “A melhor Cidade do País” - PSD/CDS-PP e IL, ascendeu a 5.048 preferências, enquanto o PS obteve 3877 votos. Uma inflexão à direita, à semelhança do voto nacional, que poderá obrigar os partidos a uma reflexão sobre as eleições autárquicas e a agir em conformidade. Apresentando urgentemente, qualquer uma das forças partidárias, candidato a presidente da Câmara, elementos concorrentes aos órgãos autárquicos e também, propostas eleitorais para o desenvolvimento da cidade e região, antes das férias de verão.