Ainda a “piscina de Souto Moura” (parte II)

Em recente edição d’Regional (Nº 4002) abordei o tema em título, visto no essencial pelo lado político da coisa – as razões que à época “teriam” justificado o projecto (Souto Moura) para uma nova piscina. Desde logo, previ confrontar-me com o dever perante os leitores d’O Regional em prestar outras (…) informações sobre matéria tão importante, mas, porém, não menos polémica.
Todos (…) ouvimos já ou conhecemos, o velho ditado popular: “reconhecer e valorizar as nossas origens” – no que pode ainda significar, no dizer do povo: “sem futuro todos aqueles que não respeitem o (seu) passado”. Deveres e valores, que não deveriam ser ignorados (infelizmente um lugar comum).
Ser-me-ia assim, legítimo, pronunciar-me sobre outra(s) forma(s) e aspectos de variada ordem da tão propalada “nova piscina”. Obviamente, para muitos sanjoanenses, provavelmente muitos mais que os próprios e mais interessados no tema, pouco ou nada lhes importará o processo (razão/intensões…) que então levou ao modelo pensado para a “nova piscina”. Creio, por dois (mais visíveis) motivos (…): primeiro, não terão qualquer contacto ou “familiaridade” com o meio aquático. Outro, o peso e impacto positivo que se lhes apresenta quanto a “obra feita” – objectivamente, a capacidade de edificação duma câmara seja ela qual for. (O “povo” nota, gosta e valoriza…).
Há quarenta (40) anos atrás, a nossa amada Cidade espelhava ao país um conjunto exemplar de equipamentos que serviam o desporto local em praticamente todos os sectores – para além de um Pavilhão de Desportos, Estádio de futebol com pista de Atletismo, um Complexo Desportivo Paulo Pinto que incluía mais um Pavilhão, quatro tanques (piscinas, interior de 25mts, tanque olímpico, de saltos e infantil) e quatro courts de Ténis que, muito orgulhavam os sanjoanenses. Um pouco mais tarde, o Pavilhão das Travessas. Hoje, “todos” teremos consciência da insuficiência e ineficácia dos mesmos equipamentos justamente pela sua ineficaz resposta ao potencial (massificador) do nosso Desporto.
A “piscina de Souto Moura” pela sua natureza, não resolverá todas as carências/solicitações dos seus mais prioritários e regulares utilizadores – ensino do nado (suposta… vocação do equipamento enquanto escola), natação desportiva (competição - ADS e AEJ), classes de manutenção, hidroginástica, bebés (adaptação ao meio aquático), ainda o regime livre/lazer. Escusar-me-ei no momento repetir a (fastidiosa) triste história na ideia de arrasar a actual piscina interior…
Aqui chegados, parece-me legítima a questão que a (todos…) se nos coloca mas, muito em particular aos directos interessados e, minimamente esclarecidos: investir seis (6) a oito (8) milhões de euros (valores de há 10 anos…) naquele modelo de piscina ou, ao contrário, investir cerca de metade daquele valor na requalificação do nosso tanque exterior (piscina olímpica)!!! Na segunda opção, a cidade e seus munícipes terão assegurado todas as valências anotadas no parágrafo anterior mais ainda: realização do mais velho anseio/sonho da Natação Desportiva ADS e AEJ – crescimento, desenvolvimento e evolução significativos – e, um equipamento qualificado para as competições do âmbito nacional e internacional (Meetings).
Parece-me, inequivocamente, absurda(…) a ideia de continuarmos a retirar palco ou, em sua própria casa, recusar aos sanjoanenses em geral a possibilidade de assistirem ao vivo ao talento evidenciado por tantos e eloquentes campeões desta terra na Natação Nacional…
Como poderia eu(!!!), mas tantos outros(…), amantes sanjoanenses de tão nobre desporto, concordar ou aprovar edificação de equipamento desportivo que (objectivamente) em nada, rigorosamente em nada, corresponde à história e honrosa tradição da nossa Natação mas ainda, ao futuro daqueles nossos amados Clubes…

(O autor escreve segundo o antigo Acordo Ortográfico)