Opinião

Abril sempre, mas não na totalidade!

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Este mês foi marcado pela inauguração da estátua do ilustre Humberto Delgado. Para quem ainda não teve oportunidade de ver, ela está junto à Praça Luís Ribeiro, no relvado. Criada com o auxílio da Inteligência Artificial, esta estátua reflete um homem que queria dar ao país um rumo diferente. Humberto Delgado fez e fará parte da história de Abril.
Abril é muito mais do que cravos, desfile na rua e mudanças na política. Abril é liberdade. Mas será que a liberdade que temos hoje é suficiente para sermos livres?
Não podemos sequer comparar a vida antes e depois de 25 de abril de 1974. Viver com uma mordaça na boca, com medo que alguém fizesse alguma denuncia era sufocante. Hoje não temos esse impedimento. Não ofendendo direitos de terceiros, podemos expressar livremente o que nos vai cá dentro. Porém, não podemos estar satisfeitos com isso. Numa época em que crescem os apoiantes das extremas direita e esquerda, não podemos baixar os braços e ceder em direitos já adquiridos.
O que nos falta para sermos verdadeiramente livres? Se é verdade que a resposta está num âmbito individual, onde a cada um cabe a decisão de ser livre no seu mundo, num plano global, enquanto sociedade, a resposta está, em parte, num plano financeiro.
Somos uma cidade e um país onde não há educação financeira, e onde a força política não quer que a tenhamos. Prova disso foi o chumbo de uma proposta para haver uma disciplina na escola de Literacia Financeira. Ensinar os mais novos a gestão do seu dinheiro parece um perigo para a esquerda do nosso país. Não vá eles terem o poder de tomar as rédeas da sua vida e perceber que o país é mal gerido desde o tempo de Salazar.
Olhar para o dinheiro como uma ferramenta da sua liberdade é um poder que queremos que o povo tenha. Poder esse que dá a possibilidade de viver a sua vida de forma mais serena e tranquila, sem estar sempre preocupado e dependente do Estado. Como sabem, o povo português está dependente de um Estado que quer que o povo não dê um passo sem que este saiba. Não ter literacia financeira também é uma forma de opressão. Não saber gerir o dinheiro que ganha no final do mês ou estar sempre à espera de determinado subsídio, é uma realidade que nos é bastante próxima. Não dar às pessoas o conhecimento básico de como deve ser a sua relação com o dinheiro é uma forma bastante eficaz de opressão e bastante limitador de uma liberdade que se quer plena (dentro dos limites necessários para se viver em comunidade).
Este é um problema nacional e não exclusivo desta cidade. O poder local não pode simplesmente decidir implementar esta disciplina das suas escolas, ou será que pode? Será que pode criar um plano de literacia financeira para os jovens e os adultos? Será que isto poderia ser uma oficina promovida pelo poder local? Ficam as dúvidas e talvez um dia tenhamos resposta.
A luta de Humberto Delgado e outros rostos de abril não nos devem iludir da (pouca) liberdade que temos garantida. A luta deve continuar até que todos tenhamos as mesmas oportunidades!

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