A violência e os números a ela associados são cada vez mais assustadores. Pese embora de ano para ano os números vão oscilando entre um acentuar grave ou uma pequena melhoria, a verdade é que a sociedade cada vez mais sente uma crescente insegurança. Todos os dias há crimes reportados por todo o país. Está a tornar-se um flagelo nacional.
Apesar de muitos culparem a imigração, defendendo que a entrada de estrangeiros no nosso país levou a um aumento da criminalidade, não há números que comprovem isso. Se pensarmos que temos as portas abertas do país para toda e qualquer pessoa entrar, independentemente do objetivo que tenha em viver cá, não é difícil imaginar que não tendo meio de subsistência, com dificuldade em conseguir emprego ou, conseguindo, em condições muito precárias, com os preços que se fazem sentir no mercado imobiliário, poderá acabar por cometer algum tipo de crime – como por exemplo, o furto de comida. Esta é uma situação que não está, infelizmente, muito longe da realidade. Há muitas pessoas que vindo com um objetivo de melhorar a qualidade de vida, sobretudo quando são oriundos de países extremamente pobres, chegam cá e a realidade que os espera não é tão animadora como tantas vezes se faz crer. Neste tipo de situações a realidade leva muitas vezes a atos de sobrevivência que nem sempre estão dentro da legalidade. Ainda assim, isto não contribui para o aumento da criminalidade grave. Não obstante, também não é difícil pensarmos que ter “as portas abertas” do país também é chamativo para quem quer se estabelecer numa rede criminosa, estando nós tão bem localizados na Europa. Contudo, isto são casos pontuais. A grande maioria dos imigrantes vem em busca de uma qualidade de vida superior àquela que lhes é oferecida no país de origem.
Não podemos esquecer que somos um país de muitos emigrantes. Há portugueses espalhados pelo mundo. Todos nós temos familiares ou conhecidos que foram tentar construir uma vida com mais qualidade fora de Portugal. Não é fácil chegar a um país que não é o nosso, passar pelo processo de adaptação e conseguir vingar. Assim como queremos que os nossos sejam bem recebidos, também temos de bem receber. Isto não implica ser condescendente com os crimes cometidos por imigrantes. Estes devem ser punidos na mesma medida que os nacionais. No entanto, ser imigrante não deve ser motivo de discriminação.
Pessoalmente, creio que o aumento da criminalidade está mais relacionada com a digitalização, nomeadamente com as redes sociais, onde a exibição de crimes e a propaganda ao seu cometimento é cada vez maior. Levando, sobretudo os mais novos, a experimentar métodos e formas de obtenção de algum tipo de lucro – financeiro ou outro, como a integração num determinado grupo. A exibição de qualquer tipo de crime é visto como uma coisa banal, que dá status e não é sujeito a qualquer punição ou castigo. Como se vivêssemos num mundo sem lei. A perceção de quem assiste transforma aqueles atos em meras atividades que não carecem de ética, bom senso ou empatia para com as vítimas.
A violência está a aumentar e não é fácil combatê-la, mas há coisas que os municípios podem fazer. Deixo aqui três sugestões para quem de direito possa analisar e avaliar a sua pertinência para São João da Madeira:
1. Instalação de videovigilância em pontos cruciais da cidade;
2. Uma ligação mais estreita entre os órgãos de polícia criminal, bombeiros e cidadãos para que a resposta seja mais rápida e mais eficaz;
3. Ações de sensibilização para todas as faixas etárias, adaptando as ações conforme o público-alvo. Uma forma que é bastante dissuasora, que pode ser usada para todas as idades, é a partilha de histórias reais. É uma forma de prevenção não só da entrada no mundo do crime, como a consciencialização das consequências do crime são nefastas – quer para as vítimas, quer para os agressores.
Não há uma resposta rápida e com sucesso instantâneo e garantido, mas há um caminho que os órgãos de poder estão incumbidos de percorrer. O caminho da prevenção e da resposta rápida e eficaz quando a prevenção não foi suficiente.