Opinião

A nossa cidade, S. João da Madeira, causas citadinas Caros Sanjoanenses,

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Sou a voluntária de rua da Causa Animal de S. João da Madeira.
Realizo diariamente voluntariado, alimentando dezenas de gatos urbanos, em diversas ruas da nossa cidade.
Desengane-se, na minha humilde opinião, quem pensa que a causa animal urbana está dissociada da vida dos munícipes, dos cidadãos, dos sanjoanenses, da causa humana.
Sou solicitada e confrontada com o pedido de ajuda de cidadãos para o tratamento e cuidado dos gatos urbanos que vivem nos seus jardins, nos seus quintais, nas nossas ruas.
A maior parte destes pedidos são de cidadãos com alguma idade, idosos, seniores que residem sozinhos em casa.
A maioria tem família, filhos, contudo vivem em casa, sozinhos, em habitações que albergariam, várias gerações.
Este facto faz-me refletir, pensar na nossa vida. Em jovens e/ou adultos, casamos, constituímos família, compramos casa onde albergamos e criamos os nossos filhos e, no futuro, quando seniores, velhinhos, encontramo-nos sós, ou acompanhados pelos nossos maridos/mulheres.
Alguns cidadãos, dizem-me, “os meus filhos partiram, foram embora, têm filhos, têm os seus trabalhos, têm a sua vida”. Sim, têm a sua vida e nela não estão incluídos, constato eu.
Verifico, com tristeza, que na nossa vida não tenhamos conseguido incluir a vida sénior, dos nossos pais.
Constato, com tristeza que, quando estes morrem, estejamos todos, irmãos, familiares, presentes no seu funeral. Que, tenhamos ignorado a sua vida numa casa enorme, onde reina a solidão, onde diariamente a vida dos nossos dos pais idosos é feita não só de solidão como de dificuldades em todas as áreas da vida. Algumas vezes, a maior parte das vezes, nem nos conseguimos entender no que diz respeito ao património que os mesmos nos deixaram. Dá que pensar.
Na atualidade, vivemos tempos em que reinam as distrações que nos distanciam do essencial, a vivência em família, o pensar em todos, na vida comum.
Que futuro esperamos dos nossos filhos, da nossa família, como vamos ser integrados nas suas vidas ou será uma utopia, um sonho, uma fantasia?
Tenho de revelar que estes nossos cidadãos idosos, são os seres mais sensíveis e bondosos com que me deparo diariamente, talvez porque sentem o que é ser abandonado, viver sozinho, desamparado, ter dificuldades em realizar a sua vida quotidiana. Em que encontram, somente, ternura e dedicação nos animais de companhia, nos animais urbanos. Continuam a cuidar e tratar deles, encontram neste cuidado algum conforto emocional.
Hoje, celebra-se o dia de tudo e mais alguma coisa, fazem-se passeios, realizam-se festas, contudo, a maior parte das vezes esquecemos o essencial, como é a vida diária do meu velhinho pai, da minha velhinha mãe como eu os integro na minha vida diária.
Gostaria de pedir que percam alguns segundos nestas questões, o mundo está em mudança e cabe-nos a nós refletir, decidir e construir a nossa vida comum, como queremos viver.
E, por último, por favor, não deixem de ir votar no próximo dia 18 de maio.
Exerçam o direito que muito custou a alguns ser realizado.
Mantenham viva a nossa democracia.
Obrigada. Sejamos felizes.

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