Uma das grandes preocupações dos nossos dias é a Paz ou a falta dela. Sobrevém, de imediato, a alguns a questão: O que é necessário para educar para a Paz? Muitos dirão que se trata de passar valores morais e éticos às crianças e adolescentes. Mas mais do que serem ensinados, importa criar condições para que os valores sejam aprendidos, através de vivências.
A verdadeira educação para a Paz só frutificará se cada um de nós promover vivências novas nas crianças e adolescentes alicerçadas numa ideia de interdependência. Da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) “A Educação … deve favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações ...”, deve, pois, estar presente permanentemente a perceção de que cada educador é um promotor da Paz uma vez que exerce uma função especial na construção da identidade dos indivíduos. “A educação molda a forma como o ser humano compreende e se relaciona com o mundo e é o caminho mais eficaz para construir uma paz duradoura e o desenvolvimento humano sustentável” (Unesco: Recomendações para a educação para a Paz). Perante as recomendações da UNESCO, surge a reflexão sobre em quem recai esta função de tornar eficaz este caminho, moldando o indivíduo para a perceção do outro. A escola pode e deve ser promotora deste desenvolvimento Humano e de uma forma explicável, promover a Paz. No entanto, a Humanidade é igualmente responsável pela educação das crianças e adolescentes na “total esperança e confiança na capacidade de desenvolvimento de uma nova geração mais livre, empática e pacífica”.
Perante o mundo do trabalho, as organizações tendem a preparar os seus elementos para a competitividade como forma de atingirem os seus objetivos. Também as escolas ensinam que é necessário esforço para sermos melhores que os outros. Temos de ser os melhores!
Ou seja, a competitividade como a melhor forma de preparar os indivíduos para o mundo do trabalho.
Na realidade, educar para o sucesso pode ser uma forma de atingir a prosperidade, contudo não nos podemos esquecer que “…educar para a competição é o princípio de qualquer guerra. Quando educarmos para cooperarmos e sermos solidários uns com os outros, nesse dia estaremos a educar para a paz.” refere Maria Montessori.
Perante a realidade, uma opção poderá ser habilitar as crianças e jovens para olharem o outro como a si mesmos e respeitarem a vida e as diferenças, fazendo frente a uma cultura de ódio e violência e prepará-los para se tornarem imunes a ela, ou seja, ensiná- -los a compreenderem por meio do pensamento crítico e das diversas fontes de informação que não se devem deixar seduzir por formas violentas para resolver conflitos.
Para isso, todos ansiamos por uma grande revolução, tal como afirma José Saramago: “A única revolução realmente digna de tal nome seria a revolução da paz, aquela que transformaria o homem treinado para a guerra em homem educado para a paz porque pela paz haveria sido educado. Essa, sim, seria a grande revolução mental e, portanto, cultural, da Humanidade. Esse seria, finalmente, o tão falado homem novo.”