Opinião

50 anos não são 50 dias

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Hoje, ao contrário do habitual, não trago um tema que incida exclusivamente sobre os problemas ou virtudes de São João da Madeira. Trago-vos antes um tema que é nacional, também mundial, mas que em Portugal nos toca de forma mais direta e imediata: a liberdade.
Estamos a comemorar 50 anos de uma liberdade que antes o país não conheceu.
50 anos não são 50 dias, há que celebrar este marco de permanência da liberdade.
50 anos não são 50 dias, há que relembrar a bravura de homens que representaram a vontade de um povo.
50 anos não são 50 dias, há um caminho que a democracia teve de traçar para hoje vivermos uma realidade de liberdade que os nossos antepassados não conheceram.
50 anos não são 50 dias, a liberdade continua a ter de ser defendida.
50 anos não são 50 dias, o que se torna perigoso. Pois, com o passar dos anos, há uma tendência para se esquecer as motivações que levaram a uma Revolução, a realidade social e económica que o país vivia, o silêncio comandado pelo medo, a falta de formação e informação e tantos outros fatores que determinavam que um povo fosse comandado pelo sentimento de obediência cega e temorosa.
A representação de ideais que temos atualmente na nossa Assembleia da República faz tremer alguns cidadãos quando preveem que a extrema-direita queira fazer desaparecer a liberdade conquistada em abril de 74.
Se é verdade que a liberdade e a democracia são parte da nossa identidade e não as devemos desvalorizar e esquecer, também é verdade que não podemos ter medo apenas da extrema-direita. Aceitamos de bom grado a extrema-esquerda, mas não queremos que a extrema-direita esteja representada? Bem sei os perigos que a extrema-direita traz, não ignoro o que a História nos mostra e ensina sobre as consequências dos pensamentos e ideias defendidas por esta linha. Mas não estamos a usar dois pesos e duas medidas para um resultado semelhante?
A liberdade e a democracia impõem o respeito por todos, sem desleixar os direitos humanos que a vivência enquanto sociedade nos fez impor. A extrema-direita é perigosa, mas a extrema-esquerda também.
A liberdade de um não pode ser abafada pela liberdade de outros, independentemente de quem representa a maioria. Fazer parte de um grupo que é privilegiado em relação aos demais, não os torna detentores da verdade. Torna-os sim, seres com obrigação de lutar pela liberdade e equidade de todos e para todos. Apesar de a democracia funcionar pela vontade da maioria, isto não justifica a imposição de ideais. Abril não conquistou a liberdade para alguns, mas sim a liberdade para todos.
50 anos não são 50 dias, mas que a frescura dos 50 dias da liberdade não se perca com o passar anos.

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