Educação

A Escola, factos e decisões

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Setembro representa sempre um reinício de ciclos. O regresso ao trabalho, o regresso às rotinas. O regresso à escola.

A Escola chega, de facto, a representar o epicentro da perceção do reinício. É quando recomeça a escola que aumenta o fluxo de trânsito, o acelerar das rotinas para não haver atrasos, o investimento das famílias em livros e materiais escolares que implicam sempre uma taxa de esforço, na maioria das famílias difícil, no orçamento familiar. Talvez o leitor ou a leitora deste artigo esteja agora a suspirar com o confronto com estas mudanças.
Mas, na verdade, é precisamente por colocarmos filtros menos positivos na análise do nosso mundo que os suspiros se tornam angustiantes. O que acabei de afirmar no parágrafo anterior são factos, mas os factos são apenas isso, constatações da realidade, objetos de análise com os quais podemos fazer o que decidirmos fazer na liberdade que felizmente temos, como Seres Humanos.
Vamos então usar estes factos, aos quais vou agora adicionar mais alguns, para então decidirmos o que fazer com esta etapa do nosso ciclo de vida enquanto famílias com filhos em idade escolar e/ou adolescentes.
Os factos que acrescento aos anteriores:
A UNESCO afirma que no mundo 17% de todas as crianças em idade escolar não têm acesso à educação. Isto representa quase 260 milhões de crianças, a maioria na Ásia central e sul e na África Subsaariana.
A diretora da Unidade de Assistência Técnica aos Estados-membros da UNESCO no Bureau Internacional da Educação Amapola Alama, afirmou num encontro decorrido em maio passado que Portugal está entre os 40 melhores países do mundo no que respeita à qualidade do ensino.
Em Portugal os alunos do ensino obrigatório (entre o 1.º e o 12.º ano de escolaridade) de instituições públicas e do ensino obrigatório de instituições de ensino particular e cooperativo com contratos de associação tem acesso aos manuais escolares gratuitamente.

Então, vamos agora decidir o que fazer com estes factos todos:
A escola implica despesas, implicações nas rotinas e uma gestão mais cuidada do dia-a-dia familiar, mas as nossas crianças e jovens estão integradas num ensino de enorme qualidade, com acesso de muitos a manuais gratuitos e integrados nos 83% que têm acesso à educação no mundo.
A Educação é a grande fonte de desenvolvimento. A evidencia demonstra que a probabilidade de ter melhores condições de trabalho e até acesso ao mesmo é diretamente proporcional com o nível de educação que se tem. A educação permite ter recursos para tomar melhores decisões, ter competências para agir em contextos mais diversificados e para se ser eficaz, eficiente e efetivo em diferentes realidades. Por isso na azáfama dos suspiros que podemos dar, podemos suspirar antes de alívio por saber que estamos a investir no futuro das nossas crianças e jovens, das nossas famílias e da nossa sociedade.
Ainda assim, Portugal ainda está entre os países da União Europeia com menos pessoas a ter uma educação avançada. É preciso pois, cada cidadão, entender os privilégios de viver num país com algumas dificuldades, é verdade, mas com muito mais virtudes e onde a educação ainda brota de uma nascente promissora para continuar a alimentar o rio do desenvolvimento na sociedade portuguesa.
Há que acordar todos os dias, e ao olhar no espelho lembrar que somos cidadãos livres, residentes numa democracia funcionante, com acesso a uma educação de qualidade. E aí sorrir e pensar: o que vou decidir fazer com todos estes factos?

 

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