O ensino das Ciências Experimentais no 1.º ciclo pode contribuir para alimentar a curiosidade das crianças, fomentando um sentimento de admiração, entusiasmo e interesse pela Ciência e pela atividade dos cientistas, promover capacidades de pensamento (criativo, crítico, metacognitivo,…) úteis noutras áreas do currículo e em diferentes contextos e promover a construção de conhecimento científico útil e com significado social que permita às crianças e aos jovens melhorar a qualidade da interação com a realidade natural.
Neste contexto, foi iniciado no ano letivo 2018/2019 o projeto “Hora de Experimentar” em todas as turmas do 4.º ano do Agrupamento de Escolas de Arrifana, cujo principal objetivo é o combate ao insucesso e abandono escolar. Como este projeto foi tão bem-sucedido, foi criado no ano letivo seguinte o projeto “Ciências Experimentais”, implementado no 2.º ano de todas as escolas do agrupamento.
Estes projetos, desenvolvidos em sessões quinzenais com a duração de 60 minutos cada, contêm uma vertente científica (parte-se sempre de uma situação problemática, sobre a qual se desenvolve todo o processo de experimentação) e uma vertente pedagógica, com a qual se pretende fazer a transversalidade com os conteúdos desenvolvidos em contexto de sala de aula, permitindo a sua verificação experimental. Esta ligação curricular é destacada pela monitora Fátima “Sinto grande entusiasmo na minha chegada por parte dos professores. Há alguns até que fazem a interdisciplinaridade com a Língua Portuguesa e a Matemática, facilitando o seu processo de aprendizagem por parte das crianças”.
Todas as experiências realizadas não são as que geralmente vêm descritas nos manuais, mas resultam antes de um vasto trabalho de pesquisa, uma vez que o grande propósito é cativar e despertar o interesse e a curiosidade dos alunos pelas ciências.
Estas experiências têm sido, em termos gerais, adequadas à faixa etária dos alunos envolvidos no projeto, dado que é visível que, na generalidade, já são detentores de alguns conceitos.
Neste projeto inovador, é permitido aos alunos que participem nas atividades e que sejam eles próprios, sob orientação, a executar as várias fases do processo experimental.
“Este tipo de atividades interativas obriga o aluno a sair da sua zona de conforto e desafia os alunos para novas atividades, estando sempre ansiosos pela próxima atividade”, diz a monitora Sandra.
O facto de serem os próprios alunos a executar os diversos passos da experiência leva a que andem extremamente entusiasmados, motivados e ansiosos que chegue a sessão seguinte. “Os alunos recebem-me em clima de grande festa, alguns até batem palmas e há outros que, vendo-me a chegar, começam a gritar “ciências, ciências…”, afirma a monitora Fátima.
Sem dúvida, um projeto com um impacto extremamente positivo, tanto junto dos professores como, e principalmente, junto dos alunos. “Sinto também cada vez mais curiosidade da parte das crianças em querer saber mais, o que me deixa particularmente feliz por sentir que o meu trabalho está a ir no caminho certo”. acrescenta Fátima, que considera que “o impacto das Ciências tem sido bastante positivo, pois os alunos têm adquirido conhecimento científico, revelando-se mais percetivos relativamente à realidade circundante e na associação correta dos termos às situações que são apresentadas”.
Todos os artigos disponíveis, em versão integral, na edição nº 3849 de O Regional, publicada em 24 de junho de 2021.