Esta foi a vez de ficarmos a conhecer melhor as habitações sociais da Rua do Poder Local, pertencente ao Bairro do Poder Local / Fundo de Vila. Muito embora o local seja caracterizado pelos moradores como sendo “bonito” e com “bom ambiente”.
As Habitações Sociais da Rua do Poder Local, pertencentes ao Bairro do Poder Local / Fundo de Vila começaram a ser construídas na década de 1970 e têm um grande simbolismo, pela dimensão, impacto social e territorial que ocupam no concelho, assim como o Bairro do Parrinho e Mourisca, localizando-se perifericamente relativamente ao núcleo central do concelho de São João da Madeira. Em termos concretos e de acordo dados presentes na Estratégia Local de Habitação, o Bairro do Poder Local possui, no total, 213 frações de habitação social, sendo que 67 pertencem à Habitar S. João, 146 a proprietários e zero em situação de vagos e comodato.
“Isto é bonitinho aqui no Bairro”
Nascida há 70 anos, em Angola, Fernanda dos Santos é, desde janeiro, moradora no Poder Local com os seus dois filhos, uma vez que necessitou de trocar a casa onde residia, na Mourisca, por um rés do chão, devido a “dificuldades de mobilidade”. “Estas habitações precisam de ser remodeladas, acho que serão a seguir aos prédios amarelos ali de baixo”, relatou. A moradora, que é cozinheira na CERCI, informou que trabalha com pessoas “doentes e deficientes” e admite “gostar daquilo que faz”. “Ainda ontem tivemos lá festa, na Mourisca, quase até à meia-noite, mas sabe, não é fácil.” Uma das coisas que facilita a vida da chefe é “existir autocarro gratuito na cidade”, meio de transporte que usa diariamente. “Já fui a pé, mas custa-me muito, também sou hipertensa”. Fernanda dos Santos conhece a cidade desde 1975 pois os seus sogros eram de “Macieira de Sarnes”. “Foi quando o meu sogro foi vítima de AVC que tive de alugar uma casa aqui no concelho, depois fiquei a tomar conta dele, mas acabou por falecer”. Pouco depois do sucedido, a septuagenária informou que “meteu os papéis” para obter habitação social e “teve direito”. “Isto é bonitinho aqui no Bairro, e ali é a Habitar. Eu gosto de viver aqui, é sossegado e não é como antes, pois havia mais medo, por volta de 2013/14, as pessoas não tinham dinheiro”, expressou. Relativamente ao corte das ervas dos canteiros do Bairro, problema que afeta algumas zonas da cidade, a entrevistada salientou que, no Poder Local, isso não é um obstáculo. “Isto não é desmazelado”, denotou, apontando para os canteiros, uma vez que os funcionários municipais “têm uma altura própria para cortar”, e mesmo “para podar as árvores”. “As pessoas é que fazem aquele banzé e dizem que a câmara tem de andar sempre aqui. Eles cortam mais do que uma vez, e não é nada que esteja a causar transtorno”, garantiu. Todavia, a moradora confessa que os prédios “já têm uns anitos”, e que seria necessário realizar obras, tais como “mudar persianas, colocar capoto”. “Só que nós temos de esperar porque eles começam num sítio e depois vão para outro, e o frio de inverno e o quente de verão dentro das estruturas é algo que acontece em todos os Bairros”, concluiu. Disse ainda que veio viver para o Poder Local em janeiro, altura em que fazia “frio”, e que não ligou os aquecedores, pois a conta da luz ia logo para “os 200 e tal euros”. No entanto, acrescentou que sempre que precisou da Habitar, a empresa a ajudou e “arranjou aquilo que queria”, mas que “demora sempre o seu tempo” e há sempre pessoas com crianças à frente, “quer seja para arranjar casa ou para obter melhoramentos nas habitações”. Também concordou que “há coisas” que as pessoas podiam arranjar e que estão sempre a “pedir ajuda à Habitar”. De seguida deu um exemplo: “se formos para uma casa de aluguer e se uma torneira se estragar/autoclismo não vamos telefonar para o senhorio para arranjar, agora se for a banheira que esteja a pingar e outras coisas do género é que é de comunicar.” Como medida de segurança, referiu que, caso alguma “coisa lhe aconteça”, a casa que agora ocupa com a sua família fica para o seu filho “ele tem esquizofrenia, mas é ativo e fala várias línguas, anda em formações, tem é de fazer o tratamento para toda a vida.”
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