Populares e moradores estão preocupados com os atos, que deixam prejuízos de milhares de euros aos donos das viaturas estacionadas junto ao Centro de Saúde. Os lesados apontam o dedo a um dos arrumadores a quem não lhe foi dada uma moeda.
A situação não é nova e parece repetir-se com alguma frequência, mas nem todos participam às autoridades. Duas viaturas foram vandalizadas na via pública, junto ao Centro de Saúde, na Rua Vale do Vouga, em S. João da Madeira, na última quinta feira, dia 24, ao que tudo indica por um dos arrumadores que se encontrava no local, logo pela manhã.
A população não esconde a preocupação com os atos, que deixam prejuízos de milhares de euros e garantem que os atos de vandalismo “não são de agora”.
Ana Rita foi uma das mais recentes vítimas. Estacionou o carro na referida rua, onde habitualmente se encontram mais do que um arrumador. Deixou a sua viatura ligeira, cerca das 7h40, ali estacionada. “Já ia bastante atrasada para apanhar o autocarro para o Porto. Um dos arrumadores estava sentado no passeio e perguntei-lhe se estavam lá ao final da manhã pois não tinha moeda nem tempo para lhe dar naquele momento”. Conta que um senhor, com cerca de 60 anos, de boné e casado, estava ali sentado no separador central “e começou a barafustar, mas eu nem me apercebi o que dizia, pois estava a correr para não perder o autocarro”, conta a 'O Regional’.
Cerca das 13h20, quando chegou junto da viatura, apercebeu-se que a mesma tinha sido vandalizada. “Um risco extremamente fundo, próximo de um que já ali tinha sido feito”, no mesmo local de estacionamento, há cerca de três meses. Ana Rita explica que, ao ver o carro vandalizado “colocou as mãos na cabeça”, e um outro arrumador, que se encontrava no local, disse-lhe que a PSP tinha já lá estado naquela manhã a tomar conta de uma ocorrência de vandalismo noutra viatura. “Este arrumador, perante esta situação até se prontificou a ser identificado como testemunha dos riscos em ambas as viaturas”. Segundo a condutora a situação tem de ser “parada”, já que a pessoa em causa que terá sido identificada pela PSP “exige a moeda de um euro. Se dermos menos, ele risca na mesma”. Ana Rita acrescenta que, por mais polícia que esteja no local, “é necessário fazer qualquer coisa com estas pessoas que ali estão, e que acabam por deixar desconfortável quem estaciona ali a viatura. Será mais fácil pagar a multa dos parcómetros do que estar com esta aflição”.
“Pedem uma moeda de um euro”
Na cidade, segundo apurámos, há cerca de 20 arrumadores. Passamos pelo local e conversamos com um deles, que nos confidenciou que, recentemente, ali alguém partiu óticas de viaturas. “Eu aceito o que me dão, e não sou de me vingar. Agora cada um sabe de si. Não sei quem foi, eu não vi ninguém a riscar os carros”. A polícia que investigue. "Mas eles sabem quem é a pessoa”, assegura.
Luís Pinto estacionava a viatura naquele local. Rapidamente apareceu um outro arrumador que recusou falar com a nossa reportagem. “Não sou apologista de dar moedinha a estas pessoas, mas, sei que, se não o fizer, poderei ficar com riscos no carro. Evito ao máximo estacionar nos locais indicados por eles, mas, às vezes, não há outra alternativa”, enfatiza o condutor.
Ganham o dia a oferecer um lugar a quem dele necessita em troca de uma moeda. Entendidos por uns e mal tratados por outros, estes “moedinhas”, como dizem ser também conhecidos, pedem para comer, para alimentar vícios. Em S. João da Madeira, como noutras cidades do país, há várias pessoas a viverem como arrumadores de carros. Trabalham por zonas específicas e oferecem um lugar de estacionamento a quem dele necessita, em troca de uma moeda. Se há quem os compreenda, existe quem os olhe de lado e com desconfiança.
“Há tempos tinha a viatura estacionada na rua e, quando cheguei, ela tinha um grande risco na lateral”, relatou a 'O Regional´ um dos lesados, que diz "não ter apresentado participação, uma vez que o carro ia nos próximos dias para pintar”, mas sabe que “ali quem não der moeda, pelo menos a um ou outro arrumador, poderá chegar e ver o carro vandalizado”.
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