Sociedade

Turmas isoladas mais do que uma vez desde setembro

• Favoritos: 34


Há encarregados de educação de S. João da Madeira preocupados com as consequências das regras da (DGS), no âmbito dos isolamentos para turmas inteiras, sendo que algumas já estiveram confinadas mais de uma vez, desde o arranque do ano letivo.

A médica sanjoanense Liliana da Rocha escreveu recentemente uma carta aberta à Diretora Geral da Saúde, Graça Freitas, dando nota de um “sentimento de revolta por parte dos encarregados de educação”.
A também encarregada de educação na escola de Carquejido pede clarificação da norma em vigor. “A mesma deve contemplar a utilização de EPI noutros contextos que não os de instituições de saúde e orientações claras devem ser dadas às autoridades de saúde locais, permitindo decisões mais ponderadas, justas e harmoniosas”, sustenta o documento.
Para Liliana da Rocha, “as decisões devem ter sempre em conta o contexto em que nos inserimos”. No seu entender, com “85% da população vacinada, em que os grupos vulneráveis estão mais protegidos, não faz sentido aplicar as atuais regras de confinamento a crianças em que todos sabemos que o risco de complicações decorrentes de COVID-19 é muito baixo”.
Alertando para as consequências nos alunos e no corpo docente, a médica dá o exemplo da turma da sua filha, referindo que, desde o arranque do ano letivo, só houve, à data em que a carta foi escrita, “14 dias completos de aulas presenciais”, tendo um primeiro isolamento surgido quando “toda a turma testou negativo nos dois testes realizados”.
Do ponto de vista da profissional de saúde, “inúmeros ACES estão a ser completamente rígidos nas suas tomadas de decisão, atuando cegamente em vez de pensarem na saúde e bem estar (físico e sobretudo psicológico) dos utentes”.
Por outro lado, João Duarte, que tem dois filhos a estudar também em Carquejido, chegou a enviar um e-mail ao agrupamento questionando a “gestão escolar da situação”, tendo recebido uma resposta “simpática”, pela celeridade, conforme esclareceu em declarações a ‘O Regional’.
Relativamente à questão sanitária, o também enfermeiro compreende a “postura defensiva” das autoridades de saúde. Não contesta as normas em vigor por entender que não tem “conhecimento suficiente”.
O que João Duarte sabe é que o resultado será sempre a perda de aulas presenciais para as crianças, sendo que “as aulas online não resultam no ensino primário”.
Por isso, “os pais estão a ficar chateados” por verem os filhos “há dois anos” nesta instabilidade. João Duarte não sabe o que pode ser feito, mas sugeriu à escola falar com a saúde pública para analisar a situação, tanto em termos de aulas como de equipamentos de proteção individual a usar.
“Não estou a ver forma de isto mudar nos próximos meses, acho que a postura da saúde publica também não vai mudar muito”, considera.
Ao que ‘O Regional’ conseguiu apurar, o descontentamento e a não compreensão das normas aplicadas estão a fazer com que alguns pais já não “levem a sério” nem cumpram o isolamento.

Ar­tigo dis­po­nível, em versão in­te­gral, na edição nº 3863 de O Re­gi­onal,
pu­bli­cada em 28 de outubro de 2021

34 Recomendações
141 visualizações
bookmark icon