A noite eleitoral revelou-se particularmente difícil para a esquerda, com o PS a enfrentar um resultado abaixo das expecativas. Pedro Nuno Santos, de 48 anos, não conseguiu vencer no seu próprio concelho, S. João da Madeira, onde a Aliança Democrática (AD) saiu vencedora. Um resultado na cidade que espelha a tendência nacional de recuo dos socialistas.
Em todo o distrito de Aveiro, o PS não conseguiu conquistar a maioria em nenhum dos concelhos (19), sinal claro da perda de apoio em territórios onde já foi mais forte.
No total, os socialistas perderam cerca de 420 mil votos e elegeram menos 20 deputados face às legislativas anteriores.
Na eleição de março de 2024, o PS conseguiu liderar em três concelhos — Ovar, Mealhada e S. João da Madeira. No entanto, nas eleições de domingo, nem mesmo na “sua cidade”, Pedro Nuno Santos escapou à falta de confiança dos sanjoanenses, deixando o PS em segundo lugar, com 30,3 %.
As consequências deste resultado pesado para os socialistas não tardaram: Pedro Nuno Santos anunciou a sua demissão da liderança do PS, assumindo que não quer “ser um estorvo no partido”, uma decisão que apanhou os presentes na sala completamente de surpresa. “Acho que honrei a história do partido. Foi isso que tentei fazer”, assumiu. “Tenho muito orgulho no partido que liderei, tenho muito orgulho no trabalho que fizemos, tenho muito orgulho no Partido Socialista”.
Visivelmente abalado, Pedro Nuno Santos assegurou, no seu discurso de derrota, que o PS “não provocou estas eleições, mas queríamos vencê-las. O povo português falou com clareza e nós, como sempre fizemos ao longo da nossa história, respeitamos.” E acrescentou: “Eu sei que os partidos que provocaram a instabilidade foram premiados, enquanto o partido, que ao longo do último ano deu todas as condições de estabilidade, foi o partido penalizado”. “A AD atirou o país para eleições porque o seu líder se sentiu apertado. E o Chega apresentou uma moção de censura e nunca contribuiu para a estabilidade política em Portugal”.
Pedro Nuno Santos disse mesmo que “Luís Montenegro não tem idoneidade para cargo de primeiro-ministro” e afirma que o PS não apoiará um governo liderado pela AD.
Terminou a sua intervenção lembrando uma frase de Mário Soares: “Só é vencido quem desiste de lutar, e eu não desistirei de lutar. Até breve”, enfatizou.
Pedro Nuno Santos deixará de ser Secretário Geral do PS já no próximo sábado, após a Comissão Nacional, e será Carlos César, o presidente do Partido, a assumir interinamente a função vaga.
Recorde-se que o sanjoanense já teve vários desafios na política partidária: foi secretário-geral da Juventude Socialista (2004-2008), presidente da Federação de Aveiro do PS (2010 e 2018) e, enquanto deputado assumiu a vice-presidência do grupo parlamentar do PS.
FOTO: PS