João Lopes, vice-presidente da AD Sanjoanense e com a pasta do futebol faz o balanço dos primeiros meses de trabalho da nova direção, eleita em abril passado para o triénio 2024-2027.
Que balanço faz destes primeiros meses de presidência?
Têm sido meses muito desafiantes. Durante este período temos tentado perceber toda a realidade do clube. Dívidas, alguns problemas pendentes e falta de soluções para os mesmos têm sido a nossa principal preocupação. Acima de tudo, e no nosso entender, existia uma enorme falta de organização no clube, uma vez que o princípio que vigorava era o de cada pessoa decidir por si e não estavam estabelecidas formas de atuar e processos transversais. Num clube desta dimensão, entendemos que todos os problemas devem ser resolvidos de forma macro e não micro, como nos parece terem sido resolvidos até ao momento em que assumimos a presidência. Assim, temos desenvolvido manuais de procedimentos transversais a todas as modalidades, porque este grande clube, tal como defendemos durante a campanha eleitoral, deve ser um só. Desta forma, acreditamos que iremos passar a ter um clube organizado, em que cada elemento da estrutura, saiba como agir e a quem reportar a qualquer momento. Só assim conseguiremos ter um clube sustentável e com futuro. Também por isso, estamos a dotá-lo de meios tecnológicos e plataformas que permitam garantir um histórico o mais correto possível e fluído de todas as modalidades do clube.
O projeto liderado por Joaquim Gonçalves, e do qual faz parte, obteve uma vitória esmagadora nas eleições. Esperavam esse resultado?
Sinceramente, julgo que ninguém esperava uma vitória tão arrebatadora, mas isso trouxe-nos confiança para os três anos de mandato que temos pela frente, para trabalharmos e concretizarmos aquilo que defendemos durante a campanha. As pessoas acreditaram nesta equipa e isso aumenta a nossa responsabilidade, mas estamos prontos para a assumir, até porque quando decidimos ir a eleições, sabíamos o que nos esperava. O nosso compromisso com o futuro da AD Sanjoanense é total.
Um dos principais objetivos, assumidos desde início, passava pela reestruturação do clube nas suas diferentes vertentes. Como decorre esse processo?
A reestruturação do clube tem decorrido de forma normal. Talvez não tão rápido como todos desejaríamos, porque, na verdade, existem muitas necessidades nas várias vertentes em que a AD Sanjoanense estagnou. Na nossa opinião, já deveríamos estar mais bem-dotados de meios tecnológicos e plataformas que permitissem evolução, o que não acontece. Encontrámos um clube a necessitar de reestruturação rápida e de recursos humanos capazes. Esta foi uma das razões pela qual optámos por contratar uma pessoa para a área da comunicação, que encaramos como essencial. Estamos a apostar nessa reestruturação, num processo que vai decorrer de forma gradual, mas que temos a certeza que será muito benéfico para o clube, para a marca ADS e para todo o seu desenvolvimento. Temos pressa para fazer tudo aquilo que idealizamos para o futuro do clube, mas também sabemos que é necessário fazer as coisas com os pés bem assentes no chão, garantindo os respetivos meios.
A questão da identidade foi também muito debatida e, pouco tempo depois da tomada de posse da nova direção, a AD Sanjoanense anunciou uma parceria com a Kelme, que serve todos os escalões e modalidades. Quão importante é essa parceria?
A parceria com a Kelme é, para nós, fundamental, porque acreditamos que um clube tem de ser identificado e reconhecido enquanto marca. A Kelme apresentou-nos uma proposta bastante vantajosa e mostrou-se sempre muito disponível para trabalhar connosco, olhando e percebendo o tamanho do clube. Temos de ter noção que a AD Sanjoanense é um clube muito grande, com mais de 1.000 atletas e isso é uma mais-valia não só para nós, mas também para as marcas que com as quais estamos associados. Optámos pela Kelme, temos tido uma recetividade muito boa e esperamos que a marca se torne uma referência para nós, para os nossos adeptos e para o nosso futuro.
Outro dos temas fundamentais prende-se com as instalações do clube, tendo sido anunciado um projeto que visa remodelar o Estádio Conde Dias Garcia e, a partir daí, construir um complexo desportivo abrangente. Qual o ponto de situação?
Este projeto foi uma das bandeiras da nossa campanha e está em andamento. Logo depois de termos vencido as eleições, contratámos uma empresa para nos fazer o levantamento topográfico aos 25.800 metros quadrados do Estádio, de forma que pudéssemos perceber o que existia e toda a sua envolvência. Esse levantamento foi concluído há cerca de um mês e, neste momento, estamos a trabalhar com os arquitetos em todas as soluções, analisando parcerias e propostas que temos para os espaços que compõem e envolvem o estádio, de forma a que o possamos dinamizar. Queremos ter um projeto delineado o mais rapidamente possível para que o possamos apresentar aos sócios. A Câmara Municipal tem sido também um parceiro muito útil neste processo, sempre disponível para ajudar a desenvolver um projeto que é para o bem da AD Sanjoanense, mas que interessa também ao município, porque o objetivo é que no espaço do Estádio Conde Dias Garcia seja implementada uma Cidade Desportiva que congregue todas as modalidades e seja um centro de atividade para todos os adeptos. Queremos que esse seja um espaço com dinamização constante e que se torne uma referência para a cidade de S. João da Madeira. É um projeto que sabemos que vai demorar o seu tempo até que fique concluído e que - estamos cientes - nos trará também algumas dificuldades, mas é o futuro do clube que está em causa. Temos de olhar sempre para o Estádio e para o Pavilhão como infraestruturas que têm de ser modernizadas e rentáveis para o clube, gerando receitas e não surgindo apenas como fontes de despesa. Para isso, é importante que exista um consenso entre todas as forças para que consigamos garantir um projeto que certamente orgulhará todos os Sanjoanenses.
“Estamos a trabalhar para inverter este contexto, abrindo a porta a um futuro risonho e sustentável”
A vertente desportiva é também importante e o João tem a pasta do futebol sob a sua alçada. Como têm sido estes primeiros meses?
Não há nenhum Sanjoanense que queira ganhar mais do que nós. O nosso objetivo é vencer. Quando chegámos ao futebol, e em particular aos seniores, não havia uma estrutura delineada e o que estava montado desde o ano passado não era da nossa confiança. Começámos a criar o grupo pela base, contratando um Diretor Desportivo que é da nossa confiança, um Sanjoanense que conhece o clube e a sua realidade, para montar um projeto sustentável e com futuro, à nossa imagem. A opção foi captar jogadores jovens, outros com experiência no nosso clube, no futebol e na Liga 3 e, começámos a trabalhar a partir daí, contratando também um treinador jovem e com futebol positivo.
Os resultados não têm correspondido às nossas expectativas, mas temos plena consciência de que estamos a começar todo este trabalho, com uma equipa bastante jovem, mas com muita qualidade, capacidade e vontade. Prova disso são as análises positivas que têm surgido, mesmo com resultados menos conseguidos. Estamos a trabalhar e acreditamos que o contexto vai mudar, indo ao encontro do plano que traçámos. Queremos manter a AD Sanjoanense num rumo sustentável e com um orçamento possível e realista, tendo em conta que herdámos uma equipa com uma dívida grande, o que condiciona muito o nosso futuro. Estamos a trabalhar para inverter este contexto, abrindo a porta a um futuro risonho e sustentável, e por isso temos de ter noção do que é possível, contando com o apoio de todos.
Em relação ao futebol de formação, escolhemos um Coordenador com provas dadas e capaz de montar e gerir uma estrutura o mais profissional possível dentro do cenário em que atuamos. Temos os Sub-17 já a competir na 1.ª Divisão Nacional e vamos ter também os Sub-15 a disputar em breve a 2.ª Divisão Nacional da categoria. Sabemos que terão pela frente campeonatos muito difíceis, com estruturas de formação superiores à nossa, e essa é uma realidade que não vale a pena desmentir. Mas estamos a começar a colocar o departamento a funcionar e queremos ter um futuro risonho.
Poderá ter acesso à versão integral deste artigo na edição impressa n.º 4002, de 19 de setembro de 2024 ou no formato digital, subscrevendo a assinatura em https://oregional.pt/assinaturas/