Sociedade

“Já não vinha à praia há 21 anos”

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À semelhança de anos anteriores, a Junta de Freguesia promove idas à praia destinadas a “todos” os sanjoanenses residentes no concelho. As deslocações são gratuitas e prolongam-se pelo mês de agosto.

A tradição mantém-se e, por alturas do verão, a Junta de Freguesia de S. João da Madeira (JFSJM) oferece aos sanjoanenses duas viagens, por semana, às praias de Esmoriz e Furadouro, no concelho de Ovar, durante os meses de julho e agosto, totalmente gratuitas.
O autarca da freguesia destaca a importância desta iniciativa aberta a “todos os sanjoanenses”, proporcionando dias “especiais”, num ambiente diferente, e que lhes permita a partilha de “conhecimentos, convívio saudável e momentos bem passados”. Rodolfo Andrade lamenta que a as idas à praia estejam ainda “catalogadas”, essencialmente, para pessoas idosas. “Quando se fala em autocarro, associa-se ao passeio dos idosos, idas às termas e as praias ganharam essa catalogação errada. Temos inscrições para a praia de pessoas de todas as idades”, reconhecendo, no entanto, que são mais as pessoas com mais idade as que se inscrevem todas as semanas, para assegurarem uma vaga para passarem um dia na praia.
Esta é uma iniciativa que a Junta de Freguesia que manter, e até aumentar para mais dias. “É importante que as pessoas saibam que a cidade tem isto para lhes oferecer, que podem sair de casa, independentemente da idade, deixando de lado prováveis rotinas a que estão habituadas”. Rodolfo Andrade explica a ‘ O Regional que, por mais viagens que se façam, “nunca vão ser as suficientes”, e a prova disso é se se verifica uma falha na pessoa inscrita, “há sempre alguém que aparece para tentar ocupar esse lugar”, refere.
O autarca enfatiza que o autocarro é “imprescindível para a sociedade sanjoanense, principalmente quando há coletividades que dependem da viatura para determinadas deslocações.
Os custos do transporte para as iniciativas da Junta “não são dispendiosas”, segundo Rodolfo. ”Estamos a falar do combustível essencialmente”, uma vez que o autocarro e o motorista pertencem à autarquia.
O autocarro com 51 pessoas chegou pouco depois das 10 da manhã da última quinta-feira, dia 27, à praia de Esmoriz. Entre os “passageiros” estavam cerca de 10 utentes da CERCI de S. João da Madeira que, “recorrentemente”, aproveitam estas deslocações. A praia parece estar ao alcance de todos, mas, na verdade, poderá nem sempre ser assim. “Já não vinha à praia há 21 anos. Desde que o meu filho nasceu nunca mais vim. Meteram-se uns problemas de saúde pelo meio, e fui adiando, adiando”, disse Dalila Teixeira, de 56 anos, a ´O Regional'.
A iniciativa, apesar de se realizar há vários anos, só este é que esta sanjoanense se apercebeu que a mesma permitia o transporte de forma gratuita aos sanjoanenses, mediante inscrição. “Estamos metidos em casa e nem sempre nos apercebemos do que temos na terra”. Com pataniscas e fruta na “marmita”, não escondia a satisfação de poder “conviver e de se divertir” com outras pessoas que vivem no território mais pequeno dos pais. “Agora quero vir todas as semanas e o mês de agosto todo. Pretendo recuperar o tempo perdido”, realçando tratar-se de uma “oportunidade muito importante para quem não tem transporte para a praia ou possibilidades financeiras para isso”.
Olinda Silva Dâmaso, 79 anos, não dispensa umas boas tardes de praia. “Estas águas fazem-me muito bem à minha sinusite crónica”. Este ano é a quinta vez que pisa a areia das praias do concelho de Ovar. “Gosto de ambas”, mas confessa que a de Esmoriz “tem um bom areal”, e a requalificação da Frente de Praia tornou-a ainda mais “apetecível”. Viúva, mãe de 6 filhos, e uma vida de trabalho no Centro de Saúde, Olinda não se cansa de “agradecer” estas iniciativas a que chama de “mimos” da Junta de Freguesia. “Podem até parecer coisas simples e insignificantes”, mas garante que não o são. “Além da praia, aproveito as deslocações às Termas de S. Jorge. De outra forma não conseguia com esta facilidade fazer estes tratamentos que bem necessito”. A juntar a tudo isto, salienta o convívio que permite quebrar a “solidão que me assusta todos os dias”, apesar de ter a família por perto, reconhece. Não é das que leva “farnel” para partilhar na praia. “Vou ao restaurante, escolho o que quero. Caminho, conheço uma ou outra loja”, apesar de confessar que se trata de uma zona que conhece muito bem.

Poderá ter acesso à versão integral deste artigo na edição impressa n.º 3951, de 3 de agosto ou no formato digital, subscrevendo a assinatura em https://oregional.pt/assinaturas/

 

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