A cerimónia do 48.º aniversário da Revolução dos Cravos decorreu já sem limitações e foram poucos os que já usaram máscaras impostas. Na sessão solene foi lembrado o conflito na Ucrânia, e ainda nomes como Josias Gil e Amadeu Cruz
A sessão solene, no salão nobre da Câmara Municipal, contou com a presença de todas as forças políticas do Município e ficou marcada pela maioria dos partidos a lembrarem os conflitos na Ucrânia.
Lara Oliveira, representante da Assembleia Municipal Jovem (AMJ), foi quem iniciou as hostes da cerimónia. Destacou a importância de uma comemoração com quase meio século. “Uma data com um significado inolvidável”. Por isso, a aluna do 10.º ano, do Curso Científico-Humanístico de Ciências e Tecnologias, no Agrupamento de Escolas Dr. Serafim Leite, lembrou, perante uma sala cheia, que é de todo pertinente “agradecer aos nossos antepassados que lutaram para, hoje, sermos o país que somos e, sobretudo, para usufruirmos da liberdade”.
Frisou que, nos últimos tempos, “a nossa mente refletiu” acerca dos limites desse direito conquistado, “a liberdade, quer pela guerra que o mundo enfrenta, quer pela pandemia. Por isso, não nos podemos acomodar e temos de continuar a lutar, para que todos desfrutem, em pleno, da liberdade que é de todos e para todos”, defendeu.
“A liberdade é uma rua que a todos pertence”
Sara F. Costa, do Bloco de Esquerda (BE), começou por lembrar que este é o primeiro 25 de abril onde é possível contar mais anos de democracia do que de ditadura.
Realçou que esta data voltou a poder ser celebrada na rua, depois do isolamento “Nós também pertencemos às ruas, é nas ruas que se constrói o país. A liberdade é uma rua que a todos pertence. Não é uma rua onde uns podem isolar-se em casas de luxo e outros têm de isolar-se no desemprego, na falta de comida, na falta de água ou luz, no desespero. A rua pertence à liberdade, e nós somos a rua. A rua pertence-nos”, atirou.
Lembrou ainda as mulheres, homens e crianças que “encontraram uma morte atroz às mãos da invasão russa. Sabemos o valor fundamental, intimamente agregado à noção de liberdade que o 25 de abril nos provoca a celebrar, não há justificação para a invasão de um país. A autodeterminação dos povos é indiscutível para qualquer pessoa que ame verdadeiramente a liberdade”.
Para Sara F. Costa, a democracia e a liberdade “não são matéria de museu, mas de defesa e construção permanente”. Para isso, “é preciso o reforço dos direitos sociais e laborais e o desenvolvimento das respostas sociais públicas. Essa é a proposta do Bloco de Esquerda. Não são os que suspiram pelo 25 de abril, nem os siameses PS-PSD”, reagiu.
Artigo disponível, em versão integral, na edição nº 3889 de O Regional,
publicada em 28 de abril de 2022