Sociedade

“Dificilmente conseguiremos ter acesso ao número real de vítimas”

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25 de novembro, assinala-se o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres. Nos 6 munícipios das Terras de Santa Maria, a Feira é o que teve mais denúncias de violência doméstica feitas no ano passado e S. J. Madeira está em 4.º

O Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres foi instituído em 1999 pela Organização das Nações Unidas (ONU) para alertar para um problema que pode atingir as mulheres em casa, no trabalho, na rua, a nível físico, psicológico, sexual. Segundo o relatório anual da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima de 2020, quase 75% das vítimas atendidas são mulheres.
De acordo com os dados da PORDATA, em 2020, Santa Maria da Feira foi o concelho da região com mais denúncias apresentadas às forças de segurança pelo crime de violência doméstica contra cônjuges ou análogos (348 no total), seguindo-se Oliveira de Azeméis (150), Espinho (69), S. João da Madeira (55), Arouca (38) e Vale de Cambra (25).
Como resposta a situações de violência, existem espaços que servem a região das Terras de Santa Maria, que abrange os seis municípios acima referidos, como o Espaço Trevo, em Santa Maria da Feira, e o Espaço Autora, em S. João da Madeira. O primeiro, inaugurado em 2006, alargou o âmbito territorial da sua ação em 2020, ano em que foi inaugurado o segundo.
A Câmara de S. João da Madeira, até 20 de setembro, indicou que o número de processos em acompanhamento era de 30 e dos mais de 170 atendimentos feitos 81 foram psicossociais, cinco jurídicos e 92 de psicologia. Apenas duas dessas vítimas seriam do sexo masculino, sendo assim a maioria mulheres, em linha com o panorama nacional. No entanto, o munícipio não refere os concelhos de onde são as vítimas.
‘O Regional’ pediu para falar com intervenientes do Espaço Aurora mas a vereadora da ação social, Paula Gaio, entendeu que “dado que se tratam de assuntos de enorme delicadeza e intimidade, que dificultam o processo de confiança” não era “de todo aconselhável”. “Em muitas das situações em acompanhamento, a relação técnico/vítima ainda se encontra em fase de ‘conquista’”, acrescentou a responsável, que também recusou a possibilidade de acedermos a testemunhos da vítimas por “a grande maioria, ainda se encontrar numa fase muito inicial de todo o processo”, o que implica que ainda esteja “a decorrer ou a aguardar abertura de processo em tribunal, tendo todas as pessoas estatuto de vítima, encontrando-se com um plano de segurança ativo e, bem assim, em estado de enorme fragilidade emocional”.
Contactada pelo nosso jornal, a coordenadora do Espaço Trevo aceitou responder a algumas questões sobre a violência contra a mulher e não deixa de lembrar que falar de violência é falar de “qualquer forma de ação intencional (uso da força, coação ou intimidação) que lese a integridade, direitos e necessidades de outra pessoa” e que, nesse sentido, a violência contra as mulheres abrange “todos os comportamentos de violência baseados no género, comportamentos estes que tem como resultado ou consequência o sofrimento físico, sexual ou psicológico das mulheres”.

Ar­tigo dis­po­nível, em versão in­te­gral, na edição nº 3867 de O Re­gi­onal,
pu­bli­cada em 25 de novembro de 2021

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