Sociedade

Ana Rita Clara, uma sanjoanense em constante evolução e movimento

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A apresentadora de televisão Ana Rita Clara, um dos rostos mais conhecidos dos ecrãs nacionais, mantém o vínculo à terra onde diz ter passado uma infância feliz, onde trabalhou, onde ainda guarda amizades e que continua a visitar. Apesar de ter trocado o Norte por Lisboa, a atual Diretora-Adjunta do canal V+TVI e autora do programa “Para Si” partilha, nesta entrevista a O Regional, memórias do que a tornou naquilo que é hoje e da evolução de S. João da Madeira. Aos 46 anos, assume que não consegue estar parada, que a palavra que melhor a define é “movimento”, admite que é uma “mãe leoa” e que a maternidade é o seu maior papel.

Jornal O Regional - Viveu em S. João da Madeira até à entrada na faculdade. Como foi crescer nesta cidade, onde ainda tem família e que visita com regularidade?
Ana Rita Clara - Foi maravilhoso. Tive a oportunidade de crescer rodeada de amor, muitas amizades, segura e com os valores certos. S. João da Madeira, a infância, a adolescência e o que aprendi enquanto menina foram fundamentais para o que sou hoje.
A Rua Alão de Morais, onde vivia, e o Centro de Arte, onde brincava, tiveram um papel especial na sua infância. Que memórias guarda desses tempos e das brincadeiras?
Memórias muito boas, divertidas e de extrema curiosidade e descoberta. Como sempre adorei artes, desenhar, pintar e trabalhos manuais, frequentava o Centro de Arte e fascinava-me todo esse universo. Era um palacete antigo mágico, onde também brincava e vivia aventuras com os meus amiguinhos.

Era aí que brincava com Bárbara Guimarães…
A Bárbara, por vezes, passava por lá, mas como temos alguma diferença de idade nunca chegamos a brincar, mas sim a conversarmos anos mais tarde, quando nos cruzamos em eventos e na SIC, onde estive durante muitos anos.

Passou pela escola primária dos Condes e, mais tarde, pela Secundária João da Silva Correia. Ainda guarda amizades e contactos dessa altura?
Sim, muitas. Tenho amizades de infância que mantenho (inclusive algumas que até seguiram por caminhos artísticos e vivem em Lisboa) e serão para sempre pessoas muito especiais na minha vida.

Há professores que a marcaram e que ainda hoje recorda?
Sim, tenho alguns. O Professor André, da Escola Primária (que foi também professor do meu irmão) e a minha professora de português no liceu, que me marcou profundamente e de onde vem a minha paixão pela Literatura, pelo Português, pela atenção ao escrever e falar corretamente. E onde me apaixonei por Fernando Pessoa.

“Nunca quis ser apresentadora de televisão”

O desporto fez parte da sua vida desde sempre. Da ginástica à natação. Nessa altura, S. João da Madeira já estava na linha da frente, como muitos dizem, na oferta desportiva?
Sempre foi uma cidade com muita oferta desportiva e eu sempre tive uma cultura desportiva muito presente na família. Os meus pais foram atletas e o meu irmão jogador de hóquei em patins, durante muitos anos. Comecei muito pequena na patinagem artística e ginástica rítmica desportiva, depois artes marciais e natação de competição, entre outros. Nuca deixei de praticar desporto e, para mim, continua a ser uma parte fundamental das minhas rotinas e da minha forma de estar na vida. Acredito mesmo que o desporto e um estilo de vida saudável são cruciais para o foco, disciplina e bem estar das crianças e futuros adultos.

Conta que, no ensino secundário, já mostrava apetência para as Letras e que ser apresentadora sempre foi um sonho. Mas entrou na Universidade do Minho, aos 17 anos, para estudar Sociologia.
Nunca quis ser apresentadora de televisão. Queria, sim, comunicar, de mil e uma maneiras. E hoje em dia vejo que faço isso de inúmeras formas, seja pela televisão, seja pela gestão de pessoas na direção do canal, seja pela criação de conteúdos, seja pela minha organização dedicada ao Impacto Social ou até pela minha empresa, a DROP Produções.
Na altura, entrei em Sociologia, porque amei a disciplina e achava que era fundamental aprender a “olhar o mundo e a compreendê-lo”. Foram anos de crescimento e evolução muito importantes, mas aos 19 anos, quando comecei a fazer televisão, percebi rapidamente que tinha encontrado algo de especial e um lugar para mim. E, a partir daí, fui trabalhando em várias áreas, mas nunca deixei de fazer o meu caminho em televisão.

Aquilo que muitos não sabem é que trabalhou na Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, onde coordenou estudos sociológicos.
É verdade e foi algo incrível. Aprendi muito ao coordenar esse “Estudo para os Públicos na Cultura”, entre a autarquia e a Faculdade de Letras do Porto. Senti que estava a fazer parte de uma equipa de trabalho que se preocupa com a comunidade, que pretende inovar constantemente e criar focos de interesse locais. Ao mesmo tempo, já trabalhava em televisão, no novo canal na altura, a NTV. Sempre tive vários projectos em simultâneo.
A moda surge na sua vida ainda nos tempos da faculdade. Como foi conciliar os estudos com os primeiros trabalhos em moda e apresentações?
Foi sempre tudo muito natural, uma vez que faz parte da minha personalidade activa e enérgica gostar de desafios novos. Por isso, nessa altura, foi muito bom poder trabalhar em diferentes áreas, aprender e começar os primeiros passos na minha independência financeira.

“Tudo o que tenho vivido tem-me dado ferramentas cruciais para o que sou hoje”

A entrada na SIC Radical foi um ponto de viragem no seu percurso. Que impacto teve essa experiência?
A minha mãe inscreveu-me no primeiro casting do programa “Curto-Circuito” da SIC Radical, porque achava que seria uma área boa para mim. Passei em todos os castings e fui uma das finalistas. E quando apresentei os programas em direto, senti-me imediatamente “em casa”.

Foi um dos rostos do arranque da NTV, canal por cabo emitido a partir do Porto, que mais tarde deu origem à atual RTP 3. Foi uma boa escola?
Tudo o que tenho vivido tem-me dado ferramentas cruciais para o que sou hoje. Somos consequência desse trabalho e evolução. Ter começado na SIC Radical e depois os anos de aprendizagem na NTV (um canal novo, laboratorial), deu-me conhecimentos e humildade para lidar com aspectos desta área que vão muito para além do estar à frente das câmaras.

Voltamos a S. João da Madeira. Faz questão de assumir que mantém uma ligação forte e permanente com esta cidade. Há lugares que não falha sempre que cá vem visitar a família?
Sim, dou alguns passeios pela zona, até para mostrar ao Caetano de onde sou e o que vivi em pequena na cidade.

De que forma tem acompanhado a evolução da cidade?
Vou acompanhando pelas notícias, família e amigos. E sinto que tem vindo a crescer muito.

A apresentadora Bárbara Guimarães, o estilista Miguel Vieira, ambos seus amigos. Quando estão juntos, falam da vossa terra?
Sim, também é um dos temas. Recentemente, o Miguel esteve no meu programa e até revivemos alguns momentos do passado. Foi muito bom. São sanjoanenes que adoro e, sobretudo, seres humanos extraordinários.

O que acha que os sanjoanenses não conhecem da Ana Rita Clara?
Talvez não conheçam partes mais pessoais da Ana Rita, mas penso que o fundamental conhecem. Sabem que levei comigo os valores do trabalho, da humildade e do esforço, sem nunca deixar de honrar as minhas raízes e a minha verdade.

No campo pessoal, o que é que a maternidade lhe trouxe?
Trouxe uma nova vida e propósito. Um encarar de tudo de uma outra maneira. A maternidade é a parte mais importante da minha vida é o meu maior amor e o maior papel. Deu-me ainda mais força e coragem para tudo o que faço e tudo o que sou.

Como é que é a Ana Rita Clara mãe?
Uma mãe leoa, muito presente e dedicada, atenta e profundamente focada em dar o melhor e proporcionar todo o Amor e orientações que o meu filho precisa para viver feliz e crescer nessa estrutura. Só isso me importa.

O facto de o Caetano ser filho de pais divorciados é um desafio acrescido?
Ter um filho é um desafio já por si só. O resto são quadros familiares e dinâmicas que apenas devem ser ser lidadas com muita tranquilidade, honestidade e Amor. As crianças merecem apenas Amor, Paz, apoio e compreensão.

Voltemos à televisão. Atualmente, apresenta o “Para Si”, programa do V+ TVI, um canal recente. Está onde queria estar a nível profissional?
Estou muito grata e feliz com a possibilidade de já acumular cargos de gestão à apresentação e criação de programas e conteúdos de televisão. Actualmente sou Diretora-Adjunta do canal V+TVI e autora e apresentadora do “Para Si”. Mas sinto que ainda me falta concretizar muitos outros desafios na televisão e fora dela.

Tem mais projetos em mãos, é isso?
Sim, tenho projetos que crio com a minha empresa. Nomeadamente os “Beauty Diaries”, com a marca “Clarins”, da qual sou embaixadora. Para além de outros projetos. Não consigo estar parada. A minha palavra é movimento.

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