Desporto

Sanjoanense faz 100 anos – “Bem bonito rol!”

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Domingo, dia 25 de fevereiro de 2024, a Associação Desportiva Sanjoanense comemora o centésimo aniversário da sua fundação.
Como diria o saudoso Manuel Pereira da Costa, diretor deste jornal anos a fio e 19º presidente da ADS, “um bem bonito rol”.
No seu papel de “porta-voz” dos anseios de todos os sanjoanenses, O REGIONAL, que tinha iniciado a sua publicação no primeiro dia de janeiro de 1922, foi de uma importância crucial para o alavancamento do desporto em S. João da Madeira, até aí limitado às elites locais, que se entretinham em jogos e torneios de ténis. O fenómeno desportivo de cariz popular estava em grande expansão em todo o País e começava a atrair adeptos. Esta terra não foi exceção à regra. Na edição de 23 de abril desse mesmo ano, um jovem de 17 anos, chamado Sadi Soares da Silva, escrevia nas páginas d’O REGIONAL: “É muito para admirar que numa terra como S. João da Madeira, cujo desenvolvimento é bastante manifesto, não se tenha fundado ainda um clube para a prática do sport”.
O mote estava lançado e teve efeito imediato, junto dos jovens sanjoanenses de então. Não demorou muito até que surgisse o primeiro campo de futebol – modalidade que estava no topo das preferências dos desportistas – e se realizassem os primeiros encontros. Depois veio a conquista da Taça La-Salette, um “dia de glória” que abriu caminho à constituição de uma associação desportiva, em S. João da Madeira.
Foi assim que nasceu a ASSOCIAÇÃO DESPORTIVA SANJOA­NENSE (ADS), a 23 de fevereiro de 1924, numa reunião que juntou velhos e novos, no Grémio de Recreio Instrutivo. Aí se traçaram planos e se definiu a primeira direção, liderada por António da Silva Correia, se tomaram as primeiras decisões e se angariaram os donativos que permitiram fazer face às despesas iniciais da nova agremiação.
Do Brasil, chegaram as importantes contribuições do Conde e do seu filho Nelito, um dos “heróis” da Taça La-Salette, no valor total de sete mil escudos. Foi com esse dinheiro que se adquiriu o novo campo de jogos, a que foi dado o nome de “Além-Rio”, por se encontrar a poente da ribeira da Buciqueira. Depois de concluídas as obras, o recinto foi considerado um dos mais amplos aprazíveis da região.
Não foram fáceis os primeiros anos de vida da A. D. Sanjoanense, mas as sucessivas direções, com maior ou menor dificuldade, conseguiram levar sempre o barco a bom porto, mesmo quando a tempestade parecia ser capaz de pôr tudo a perder, como aconteceu no final da década de 1930. Na circunstância, valeu, uma vez mais, a boa-vontade do Conde Dias Garcia e de Nelito. Em reconhecimento do ato de benemerência praticado por ambos, a direção em exercício decidiu atribuir o nome do Conde ao campo de jogos.
Nos anos que se seguiram, o caminho percorrido pela ASSOCIAÇÃO DESPORTIVA SANJOANENSE foi feito de altos e baixos, como é apanágio – pensamos nós – da grande maioria das instituições centenárias. As suas histórias têm, por norma, a tendência para salientar as coisas positivas do rumo trilhado e de secundarizar as outras. Com a ADS é assim, também.
Em meados da década de 1940, inicia-se uma nova era na vida do clube. Com António de Oliveira Figueiredo à frente dos destinos da ADS, são tomadas várias medidas que permitem o salto qualitativo de que a Sanjoanense estava necessitada. O clube torna-se mais eclético, com o surgimento de novas modalidades, designadamente o basquetebol e o hóquei em patins. A passagem da equipa principal de futebol pela I Divisão, na época de 1946/47, apesar de efémera, foi determinante na mudança de mentalidades e de atitude desportiva dentro da associação.
A época de 1950 fica marcada pela estabilidade financeira da ADS e pelo arranque da construção do Pavilhão dos Desportos, inaugurado pelos ministros da Educação e das Obras Públicas, a 13 de fevereiro de 1960.
A obra ficou a dever-se ao empreendedorismo e resiliência de Sidónio Pardal de Eduardo Duarte que, entre outras coisas, conseguiram unir os sanjoanenses e mobilizá-los em torno de um projeto, que se revelou uma mais-valia para o desporto e para S. João da Madeira. À época, o pavilhão era o terceiro melhor do País e o primeiro, a nível de clubes.
Os momentos mais empolgantes da vida da ASSOCIAÇÃO DESPORTIVA SANJOANENSE foram, sem sombra de dúvida, o regresso ao convívio dos “grandes do futebol português”, em 1966, e a conquista de um título europeu, a Taça das Taças” de hóquei em patins, na época de 1985/86.
De então para cá, ainda que sem registos tão importantes, a ADS não parou de crescer, em termos de número de modalidades e de atletas, continuando a ser uma referência no panorama desportivo nacional. Alfobre de atletas, treinadores e outros agentes desportivos, que levaram o nome de S. João da Madeira aos quatro cantos do País, da Europa e do mundo, a ASSOCIAÇÃO DESPORTIVA SANJOANENSE está bem e recomenda-se.
Em nome d’O REGIONAL, endereçamos os nossos parabéns a toda a “Família Sanjoanense”.
Viva a ADS, viva S. João da Madeira!

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