Tiago Moutinho é o treinador da Sanjoanense, em conversa com 'O Regional' falou do passado e projetou o seu futuro na AD Sanjoanense
Fale-nos um pouco de si, do seu percurso desportivo e como chegou a treinador principal?
No plano desportivo, em 2011/2012 trabalhei nos sub19 do Sporting como treinador adjunto e preparador físico na equipa técnica liderada pelo Ricardo Sá Pinto. Nesse mesmo ano, em Fevereiro, assumi as funções de treinador adjunto da primeira equipa do Sporting.
Foi um percurso fantástico na Liga Europa em que alcançámos as meias finais após eliminar o Manchester City e o Metalist.
Nos anos seguintes, na Sérvia (Estrela Vermelha), Grécia (OFI Creta e Atromitos) como treinador adjunto. Em 2015/2016 regressei a Portugal para representar Os Belenenses como treinador adjunto onde conseguimos o feito memorável de entrar na fase de grupos da Liga Europa.
No final desse ano, aceitei o convite do mister Luis Castro para ser treinador principal dos sub15 do Shandong Luneng, na China. Após dois anos na China, em 2019/2020 representei o Ponferradina, da segunda Liga Espanhola, como treinador adjunto do Jon Pérez Bolo.
Acabei por desempenhar diferentes funções dentro de uma equipa técnica e em vários países, o que me permitiu ter acumulado um conjunto de conhecimentos e experiência para me sentir preparado para assumir o papel de treinador principal. No percurso académico, licenciei-me em Educação Física e Desporto no ISMAI e terminei o mestrado em Alto Rendimento, no INEFC e F.C. Barcelona, com a orientação do professor Paco Seirul-lo. Frequentei o programa de Doutoramento em Atividade Física e Desporto durante dois anos no INEFC em Barcelona. Em 2018 terminei o UEFA Pro.
Treinou no estrangeiro, o que mais surpreendeu pela positiva e negativa nesses países?
Tive a oportunidade de trabalhar em grandes clubes e em contextos muito diferentes no estrangeiro. No Estrela Vermelha (Sérvia), representei um clube com uma dimensão enorme e com a obrigatoriedade de vencer todos os jogos e de ser campeão nacional. O jogador sérvio tem muita qualidade individual, mas o grande foco no trabalho foi transformar a equipa para jogar de uma forma mais coletiva. Surpreendeu-me o apoio incrível dos adeptos, pela sua paixão e dedicação ao clube. No Atromitos e OFI Creta (Grécia), o foco foi procurar que os jogadores fossem mais intensos nos treinos. O jogador grego gosta de aprender e evoluir, principalmente nos aspetos táticos do jogo. A experiência na China é totalmente distinta, até pelas grandes diferenças culturais. O segredo está na nossa capacidade de adaptação e de encarar as dificuldades como desafios e experiências de vida. A China passa por uma reestruturação no futebol e foi muito gratificante poder ensinar e transmitir conhecimentos sobre o jogo. Por fim, em Espanha, muito surpreendido pela qualidade dos jogadores e organização das competições.
Artigo disponível, em versão integral, na edição nº 3866 de O Regional,
publicada em 18 de novembro de 2021