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Adé: o que desmentia a ideia que um futebolista “nada mais sabe que jogar à bola”

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Adé iniciou-se na sua terra natal angolana, Porto Alexandre, com apenas 15 anos, tendo passado pelo Sporting Clube de Portugal onde, após dois anos, foi transferido para a AD Sanjoanense. Rapidamente percebeu que, apesar de ter um bom ambiente no clube leonino, a ADS lhe traria mais oportunidades. “Tive muita pena de deixar o Sporting, onde sempre me senti rodeado de extraordinário ambiente, mas entendi que na Sanjoanense se me oferecem mais amplas possibilidades e não as deveria desperdiçar”, considerava Adé na sua primeira entrevista a ‘O Regional’, datada de 24 de agosto de 1968.

Animado com a receção que teve na ADS, o jogador confessava um segredo: “pelo que ouvia dizer dele, sempre ambicionei trabalhar sobre os ensinamentos do Sr. Manuel de Oliveira e isso me faz duplamente satisfeito”.

Apesar do seu percurso ascendente, o luso-angolano mostrava-se sempre muito humilde. Após a sua transferência para a equipa alvinegra, Adé receava que os holofotes que os jornais punham em cima dele e o seu colega, conhecido como Carlitos, pudessem interferir no percurso de cada um, pois segundo ele “todos ficaram à espera de que Carlitos fizesse o milagre de ganhar os jogos sozinho. E isso é impossível, para ele ou para qualquer um”.

Primeira fotografia de Adé com a camisola da ADS.

“Adé desmente o conceito vulgarizado, aliás erradamente, de que o jogador de futebol nada mais sabe que jogar à bola” referia o redator d’O Regional, Alexandre Marco. A imagem viria a assentar-lhe na perfeição. Adé tornou-se uma figura muito reconhecida e respeitada em São João da Madeira, não só pelos seus dotes futebolísticos, como já sabemos, mas também por ser um cronista deveras polémico de ‘O Regional’. Este começou por ser dactilógrafo dos serviços de notariado de Angola e, mais tarde, tornou-se cronista de jornal, onde os seus comentários “duros de roer” cobriam variados temas, desde políticos a culturais, nunca deixando indiferentes os seus leitores.

São João da Madeira perdeu uma personalidade relevante da vida da cidade e ‘O Regional’ ficou sem o seu cronista de referência. Mas fica a esperança que os sanjoanenses tenham crescido com este homem que quebrava constantemente barreiras e que o seu exemplo nos continue a inspirar.

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