“Terra Inesgotável” chega ao Museu do Calçado para destacar o design, a tradição e a cultura têxtil
O Museu do Calçado recebe a partir de 10 de junho a exposição “Terra Inesgotável”, com curadoria do designer Pedro Carvalho de Almeida. Patente até 19 de outubro, a mostra propõe uma viagem pelas profundezas da herança têxtil artesanal portuguesa e lusófona, através da lente do design de calçado contemporâneo.
Partindo da premissa de que o calçado pode ser um veículo de disseminação cultural, “Terra Inesgotável” explora a diversidade de práticas tradicionais que, apesar de enraizadas na história, continuam a ter impacto criativo e social na atualidade. “Das fibras naturais às mãos que as transformam, o percurso expositivo atravessa territórios de baixa densidade populacional e dá voz a comunidades que mantêm vivos saberes ancestrais”, como o cultivo do linho, a pastorícia, o uso de teares manuais e a arte dos bordados.
Com um duplo propósito, “a valorização do património material e imaterial e a afirmação do seu potencial regenerador”, a exposição destaca a “importância de preservar técnicas em risco de desaparecimento, não como relíquias do passado, mas como alicerces de inovação cultural e desenvolvimento sustentável”.
No centro desta proposta está uma retrospetiva do trabalho desenvolvido ao longo da última década (2015–2025) por Pedro Carvalho de Almeida em parceria com o designer Abhishek Chatterjee. O projeto cruza “design experimental de calçado com a revitalização de culturas de produção artesanais autóctones”, integrando colaborações não académicas, iniciativas pedagógicas e investigação científica.
“Terra Inesgotável” não se limita a apresentar objetos, sendo uma exposição de processos, de territórios e de relações. “É a celebração da imagem, da matéria e da memória, mas também do pensamento crítico e colaborativo”, que se desdobra em múltiplas dimensões: do rural ao urbano, do tradicional ao inovador, do local ao global.
Ao abrir espaço para o diálogo entre passado e presente, a exposição convida o público a refletir sobre o modo como produzimos, consumimos e nos relacionamos com o mundo.