O novo filme de André Gil Mata, estreia hoje nos cinemas e promete emocionar o público com uma história sobre o tempo, a memória e a relação entre avó e empregada.
Chega hoje, dia 10 de abril, aos cinemas “Sob a Chama da Candeia”, o mais recente filme do realizador português André Gil Mata. As filmagens decorreram em S. João da Madeira, na antiga vivenda da avó do cineasta, localizada na Rua do Visconde, em frente à Igreja Matriz.
O drama conta com a participação das atrizes Márcia Breia e Eva Ras e inspira-se na história da avó e da empregada do realizador, oferecendo um retrato comovente da passagem do tempo.
O filme tem sido muito bem recebido em França, onde está a ser exibido simultaneamente, e estará, a partir de hoje, disponível na sala do Cinema Trindade, no Porto, pelas 19h30 e no Cineplace do Centro Comercial 8.ª Avenida a partir de 27 de abril. Além das exibições regulares, André Gil Mata marcará presença em três sessões especiais durante a primeira semana de exibição, oferecendo ao público a oportunidade de conhecer de perto o processo criativo e o universo de “Sob a Chama da Candeia”.
Em entrevista a O Regional, por ocasião da anteestreia, André Gil Mata explicou que a sua obra cinematográfica “retrata memórias suas e de uma casa que, para o próprio, sempre foi especial”. Relativamente à casa de família onde gravou, lembra que passou lá “muito tempo. Viveram lá duas pessoas que, para mim, eram como avós; uma delas era, de facto, minha avó. São relatos do meu passado que, com o tempo, foram-se transformando numa espécie de memórias distorcidas”, assumiu na mesma entrevista.
O filme desenrola-se numa casa de azulejos verdes, com um jardim e uma magnólia, onde ainda ecoam as lembranças de uma vida passada. Alzira, a protagonista, nasceu, viveu e morreu nesse lugar; foi filha, mãe e avó; brincou na infância, aprendeu piano e dedicou-se a um marido austero. Ao longo dos anos, viveu com Beatriz, a empregada, até que, com o tempo, a relação entre ambas se tornou insuportável. Na noite da sua vida, libertada pela morte do marido, Alzira toma uma decisão que só a ela pertence, refere a sipnose do filme.
André Gil Mata nasceu em 1978, estudou Matemática e trabalhou em fotografia e teatro. Estreou-se na realização em 2009 com o filme Arca d’água e é, atualmente, docente na Escola Superior Artística do Porto (ESAP). Ao longo da sua carreira, ganhou vários prémios com o seu trabalho, sendo o filme Casa um dos destaques, onde filmou o quotidiano da sua avó. Entre as suas obras, incluem-se também a terceira curta-metragem O Coveiro, com locução de Adolfo Luxúria Canibal, e a sua primeira longa-metragem documental, Cativeiro, que foi premiada em Cannes.
Foi ainda o grande vencedor do prémio de Melhor Filme na competição “As Novas Vagas” do Festival de Cinema Europeu de Sevilha. “Sob a Chama da Candeia” tem sido aclamado pela crítica, que destaca o seu tratamento subtil dos temas da vida e da morte, da memória e da decadência, abordados através de um estilo cinematográfico radical.