Um dia mais, sem Carnaval,
E vamos sós, estaremos sós?
Nem há sequer o mero sinal
Que se assemelhe à simples voz!
O silêncio é quase absoluto,
A encobrir nossos receios,
Há o pesar, tristeza e luto,
Só uma memória de dias feios!
Passos incertos, talvez suspeitos,
Que se interrogam nos seus em quantos;
Qual o futuro destes sujeitos,
Sem predicados, só uns desencantos?
E batem os pés nas lajes duras,
Das ruas ermas e tão despidas,
Que nem as aves… de aventuras
Tentam coitadas, de tão perdidas!
Vamos perdendo, nossa memória
Dos bons bocados, quando abraçados;
É um existir mas sem glória,
É um vegetar em que pecados?
P´la rua abaixo, p´lo passal,
Olhar sem ver, quem passa ao lado;
O mascarado sem Carnaval,
O Carnaval sem mascarado!
Flores Santos Leite