Cultura e Lazer

Poesia à Mesa ‘25: A Música e a Poesia uniram-se em noite memorável

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No sábado, 15 de março, a Casa da Criatividade acolheu o evento Poesia à Mesa, com música e poesia apresentadas por José Fanha e Paulo Condessa. O espetáculo contou com a participação de Tozé Brito e Inês Meneses.

A noite, que prometia ser inesquecível, não decepcionou. A sala da Casa da Criatividade, envolta numa atmosfera contagiante, foi o cenário para a partilha de palavras e sons que atravessaram gerações e estilos. José Fanha e Paulo Condessa, com a sua experiência e sensibilidade, conduziram o público através de memórias e reflexões, enquanto os convidados especiais, Tozé Brito e Inês Meneses, trouxeram à tona as suas próprias histórias e paixões pela música e pela palavra.
Inês Meneses, com a sua habitual energia e autenticidade, falou sobre a sua ligação com a rádio e como esta a ajudou a criar uma “bolha” criativa. “Percebe-se logo que eu sou da rádio, porque eu nunca estou preocupada pelas costas direitas, como agora, por exemplo. O que eu gosto na rádio é o facto de nós estarmos quase numa bolha. Sendo que hoje em dia é muito difícil, como sabem, porque tudo é filmado, tudo é registado”, disse a jornalista, que também partilhou uma história pessoal sobre a sua relação com a poeta Filipa Leal e o lançamento do livro Adrenalina. “Eu acho que é mais fácil ser poeta num Porto”, refletiu Inês Meneses, fazendo uma analogia sobre a cidade e o seu papel no mundo da poesia.
Por sua vez, José Fanha, fez uma homenagem ao médico e poeta João Luís Barreto Guimarães, ao mencionar a sua contribuição para a criação de uma cadeira de poesia na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP). “A FMUP tem uma cadeira de poesia, o que é uma coisa maravilhosa”, afirmou o poeta, antes de mergulhar num poema que cativou a audiência, agarrando-se às suas palavras densas de crítica social e lirismo, refletindo sobre o contexto político e pessoal da nossa época.
Já Tozé Brito, conhecido pela sua vasta carreira na música, falou com emoção sobre a poesia ligada ao amor, um tema que o toca profundamente. “Sou muito sensível à poesia que fala de amor. Acho que os problemas de amor são problemas que me tocam muito”, disse o cantor, que ao longo da noite também partilhou histórias e lembranças musicais que marcaram a sua trajetória. A sua sensibilidade e paixão pela música puderam ser sentidas em cada palavra que proferiu, especialmente quando falava sobre a escrita de canções e a importância da poesia na sua vida.
Enquanto que Paulo Condessa, já há bastantes anos, curador do Poesia à Mesa, não deixou de acrescentar a sua visão sobre as relações humanas e a comunicação. “Estamos biologicamente preparados para nos ligarmos uns aos outros. E se há coisa que concordo é que nós estamos cá mesmo para estabelecer ligação uns com os outros”, afirmou. O performer também referiu a importância de dar voz a histórias e memórias, especialmente num contexto onde a comunicação se torna cada vez mais fragmentada. “Hoje em dia, é mais difícil para os jovens, porque há tantos canais de comunicação. Mas, na rádio, quando começamos, estamos a falar para muitos, mas sem ver a reação, o que cria uma conexão inigualável”, destacou Paulo Condessa.
A noite também contou com uma série de momentos onde as palavras se transformaram em canções, e as canções se tornaram poesia. A combinação dos universos criativos de Tozé Brito e Inês Meneses, com o toque sensível de José Fanha e Paulo Condessa, fez deste evento na 23ª edição do Poesia à Mesa uma experiência que transcendeu o simples recital de poesia ou concerto.

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