Foi o primeiro diretor d’O Regional, integrou o Grupo Patriótico Sanjoanense, e foi industrial, ativista, antifascista e poeta. António Lima Correia foi homenageado postumamente no passado sábado, dia 8, com a publicação dos seus versos em livro
A apresentação do livro “Os Meus Versos” decorreu na Biblioteca Municipal de S. João da Madeira, ao final da tarde do passado sábado, e contou com sala repleta. António Gil, pseudónimo de António Lima Correia, foi assim homenageado pelo município, um reconhecimento que vai além da poesia, pretendendo destacar também o ativismo do cidadão, que foi igualmente o homem que primeiramente dirigiu o jornal ‘O Regional’, fundado há 100 anos.
António Gil fundou também a fábrica de calçado “A Nova Portuguesa” e era frequente escrever poesia no verso dos documentos da empresa, conforme é referido numa das primeiras páginas do livro.
É descrito, por quem o conheceu ou analisou a sua vida e obra, como um amante de S. João da Madeira e promotor dos princípios democráticos; apontado como antifascista – chegou a ser vigiado pela PIDE – e com um grande conhecimento da literatura de Portugal e além-fronteiras.
“Homenagem muito justa”
O Presidente da Câmara Municipal, Jorge Vultos Sequeira, destacou o papel político do cidadão António Lima Correia, que foi mandatário da candidatura de Humberto Delgado em 1958, que venceu as eleições presidenciais em S. João da Madeira. No entender do autarca, o poeta, como responsável da candidatura, “seguramente desempenhou um papel importante”.
Para o Presidente, António Lima Correia foi um “grande industrial, que gerou muita riqueza e trabalho”, um “grande cidadão sanjoanense e um grande democrata”, pelo que a publicação do livro pela Câmara Municipal constitui uma “homenagem muito justa”.
Já no prefácio do livro, Jorge Vultos Sequeira frisa que a obra poética de António Gil “revela de forma muito percetível uma extrema sensibilidade em relação ao belo, às injustiças sociais, aos valores patrióticos e, sobretudo transmite-nos, de forma magnífica, as suas vivências e impressões sobre o seu torrão natal, num conjunto de conhecimentos do passado que nos permite compreender a comunidade de que fazemos parte, o nosso presente e, principalmente, o que seremos no futuro”.
“Foi democrata e amante da liberdade”
Escusando-se de uma análise crítica à literatura da obra, Alexandre Costa, que também escreve poesia (sob o pseudónimo de Alexandre Gil) disse tratar-se de um “momento feliz para a família”, por ver “reconhecida e publicada” a obra do avô, que foi um “ativista por S. João da Madeira” um “patriota” e um “republicano”.
Agradeceu ainda a José da Silva Pinho por dar continuidade ao jornal ‘O Regional’ e a Emídio Costa, que teve a ideia de publicar os versos de António Gil.
“A sua memória preenche-se com nobreza de caráter, firmeza de valores e humanidade [...] Esteve na germinação intelectual da terra pela qual lutou, dentro do país que amava. Foi democrata e amante da liberdade”, lê-se ainda sobre António Lima Correia numa nota assinada pela família e publicada no livro.