Uma semente que foi plantada quando o festival Guitarras ao Alto convidou Peixe, desafiando-o a convocar outro guitarrista para acompanhá-lo em três concertos. Sem hesitação, o artista escolheu Frankie Chavez.
Jornal O Regional: Como surgiu a ideia de formar o projeto Miramar?
Frankie Chavez: O festival Guitarras ao Alto convidou o Peixe para participar e desafiou-o a convidar outro guitarrista para tocar nos 3 concertos que compunham o festival. Ele convidou-me e aceitei de imediato e, após prepararmos o repertório para os 3 concertos, concluímos que tínhamos material para gravar um disco.
Qual a inspiração por detrás do nome “Miramar” e como este reflete a essência da vossa música?
Miramar foi onde nos encontrámos para preparar o repertório para os concertos do festival Guitarras ao Alto. Estivemos três dias numa casa de uma amiga a compor, a conhecemo-nos melhor como pessoas e como músicos. Quem conhece a praia de Miramar irá perceber o especial que esse sítio é e quão especial se tornou para nós.
Como decorreu o processo de colaboração entre os dois na criação deste projeto instrumental?
O processo correu de forma muito fluida. Facilmente nos entendemos a tocar e a comunicar. Talvez por não haver pressão relativamente a compormos um disco. Na verdade, isso não era prioridade. O nosso objetivo foi criar um repertório com base em temas de um e de outro para um festival.
Mencionaram em entrevistas anteriores que o projeto se centra numa base “orgânica e acústica”. Como abordam essa estética sonora nas vossas atuações e gravações?
Orgânico no sentido em que é algo que é criado no momento em que nos encontramos. Um de nós “planta a semente” quando mostra uma ideia ao outro. O outro ouve e tenta adicionar algo que faça sentido, que eleve a ideia original para algo maior.
É acústico pois na fase de criação a nossa abordagem é puramente acústica. Só amplificamos as guitarras elétricas ao nível das acústicas. Fazemos tudo com o maior silêncio possível. Depois as que têm de evoluir, evoluem.
Há alguma mensagem que esperam transmitir ao público através da música de Miramar?
Liberdade de sentirem o que quiserem.
O que é que o público poderá esperar do espetáculo em S. João da Madeira?
Vamos tocar vários temas dos nossos dois discos e EP. O nosso concerto tem uma componente visual muito forte pois cada música é acompanhada por um filme. Estes filmes foram realizados por dois realizadores: Jorge Quintela e André Tentúgal.
Têm planos para futuros lançamentos ou projetos juntos?
Estamos neste momento a preparar o terceiro disco. Contamos lançá-lo em 2025.
Como vocês veem o papel da guitarra na música portuguesa contemporânea, e como contribuem para essa perpetuação?
A guitarra é o instrumento principal de cada um de nós. É nesse instrumento que trabalhamos há mais de 35 anos. Não quer dizer que não incluamos outros instrumentos nas nossas composições. No Miramar II (nosso segundo disco) o Peixe toca Wurlitzer (teclado) e convidámos outros músicos para fazerem parte do disco, como o António Serginho nas percussões e o Mário Laginha que tocou piano no tema “Recolher”.
Penso que, no nosso caso, os próximos discos terão sempre guitarras como base. Mas isso acontece porque é realmente daí que a nossa música surge.