Vão ser seis dias de programação intensa na sexta edição de “A Cidade Dança”, que decorrerá entre 29 de abril (Dia Mundial da Dança) e 4 de maio, em múltiplos cenários, desde salas de espetáculos a espaços públicos em diferentes pontos de S. João da Madeira, passando por fábricas. O programa foi apresentado na última segunda-feira, no “foyer” da Casa da Criatividade, onde se ficou a saber que o orçamento do evento para este ano é de cerca de 25 mil euros.
A organização é da Câmara Municipal, com a parceria da associação cultural Play False e tendo como curadora a bailarina e coreógrafa São Castro, “muito conhecida do público sanjoanense e uma referência da dança em Portugal”, como salientou o presidente da autarquia, Jorge Vultos Sequeira, para quem “há um antes e um depois da Cidade Dança”.
O edil respondia, dessa forma, a uma pergunta de “O Regional” sobre se, ao fim das edições do festival já realizadas, a dança já é um elemento central em S. João da Madeira, o que é um objetivo assumido pela organização desde a primeira hora. Mesmo com a evolução registada, Jorge Vultos Sequeira, coloca a tónica na necessidade de se prosseguir com o trabalho realizado.
“Estes programas, para se sedimentarem e consolidarem, precisam de tempo”, afirmou o autarca, acrescentando que se trata de uma “corrida de fundo” ou, atendendo à atividade em apreço, de uma “dança de fundo”. Por isso, entende que é para continuar o esforço de “captação de público, captação de pessoas para a dança”.
Complementando a resposta do presidente da Câmara Municipal, a coreógrafa São Castro reconheceu que esta expressão artística é de “difícil participação”, comparativamente, por exemplo, aos espetáculos de teatro ou aos concertos, pelo que considera necessário “um constante investimento, um constante compromisso, uma constante procura”,para que “as pessoas se envolvam e que venham ver dança”.
Essa constatação valoriza ainda mais, de acordo com a bailarina, a evolução que se tem registado na cidade, e que o máximo responsável autárquico já assinalara. “Vemos cada vez mais pessoas a assistir às iniciativas que promovemos nas praças, nos museus, nos jardins e pela cidade”, referiu, reforçando que se pode afirmar que em S. João da Madeira “há um bom público para os espetáculos de dança”.
Cruzar linguagens artísticas
Para São Castro, a maior adesão das pessoas poderá passar pela perspetiva de que “a dança talvez seja um meio de tentar entender o mundo de outra forma, que não é através da compreensão, mas talvez através dos sentidos, através de uma sensibilidade para olhar e para, à sua maneira, através das experiências, cada um tentar conectar-se com aquilo que está a ver”.
Essa visão está subjacente a mais esta edição de “A Cidade Dança”, cuja programação combina espetáculos de coreógrafos consagrados e talentos emergentes, guardando um lugar central para a comunidade, associações ou entidades e escolas de dança do concelho. Para além dos espetáculos, promovem-se conversas com os artistas, uma masterclass e a exibição de um filme.
O festival, nas palavras de São Castro, “é um convite para olharmos a dança não só de uma perspetiva externa, como espectador, mas também como uma experiência que atravessa e transforma os lugares e as pessoas”. Esta sexta edição “amplia esse diálogo ao reunir artistas de diferentes gerações, ao cruzar linguagens artísticas, como é o caso da dança com o circo, mantendo o compromisso com a comunidade de S. João da Madeira“.
Espetáculo com a participação da comunidade
Em 2025, “A Cidade Dança” desafia novamente a comunidade a ser uma parte ativa do festival, através da participação num novo projeto artístico. Este ano, com direção das coreógrafas Joana Providência e Daniela Cruz, o processo de criação deste projeto com os participantes já se iniciou e decorre até 29 de abril. O espetáculo, com o título “Extraordinário, Desagradável” estreia a 30 de abril, pelas 21h30, no Centro de Arte Oliva.
Tal como nas edições anteriores, mantém-se a atividade “Dança nas Fábricas”, em parceria com o Turismo Industrial, promovendo uma aproximação do setor industrial e dos seus colaboradores ao universo da dança. Já a iniciativa “Dança pela Cidade” volta a ocupar o espaço urbano, aproximando os sanjoanenses das escolas e entidades sanjoanenses que se dedicam a esta expressão artística.
A 1 de maio, pelas 18h00, os Paços da Cultura acolhem “Dialogue Series”, uma cocriação de Miguel Esteves e Miguel Ramalho, que acontece no âmbito da iniciativa Alternativa à 5inta. A Casa da Criatividade é palco, no dia seguinte, pelas 21h30, da criação “MUDA”, da Companhia Clara Andermatt em parceria com o Instituto Nacional de Artes do Circo. A 4 de maio, pelas 11h00, o mesmo equipamento cultural recebe o espetáculo “SubLinhar”, de Marta Cerqueira, para crianças e respetivas famílias.
Masterclass na Torre da Oliva
A formação continua a ser um eixo de programação do festival, com a realização de uma masterclass, que este ano será orientada por Miguel Ramalho, bailarino principal da Companhia Nacional de Bailado. Dirigida a participantes a partir dos 15 anos de idade, em particular estudantes e profissionais de dança, ou pessoas com experiência em dança, esta ação está limitada a 30 inscritos e será realizada a 3 de maio, entre as 10h00 e as 12h30, na Torre da Oliva.
No mesmo dia, pelas 15h00, também nos Paços da Cultura, o público é convidado a assistir à exibição do filme premiado internacionalmente “Super Natural”, de Jorge Jácome, uma coprodução entre a Companhia Dançando com a Diferença e o Teatro Praga. Após a projeção, que conta com a parceria do projeto Cine S. João, realiza-se uma conversa com Henrique Amoedo, diretor artístico da companhia Dançando Com a Diferença.