Cultura e Lazer

Festival de Teatro como “ato de resistência” contra extremismos 

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Cerca de 400 atores sobem ao palco, para representar 22 peças, levadas à cena por outros tantos grupos, sendo a maioria ligados a escolas de S. João da Madeira. A organização é da Câmara Municipal e do “Espaço Aberto”.

A 17.ª edição do Festival de Teatro de S. João da Madeira tem início no próximo dia 23 de março, decorrendo até 25 de abril, com a representação de 22 peças, distribuídas, maioritariamente, pela Casa da Criatividade e Paços da Cultura.  Na abertura e no encerramento estarão em palco companhias nacionais, com momentos que absorvem a fatia substancial do orçamento de 17.000 euros do evento, sendo que o grosso da programação apresentada publicamente nesta quarta-feira é preenchida, como é habitual, com representações protagonizadas por grupos locais, grande parte dos quais ligados a escolas.
Assim, para o primeiro dia está agendada a peça “Amor é um fogo que arde sem se ver”, levada à cena pel’ “A Barraca”, na Casa da Criatividade, num espetáculo alusivo aos 500 anos do nascimento do poeta Luís Vaz de Camões, com dramaturgia e encenação de Hélder Mateus da Costa e a participação de Maria do Céu Guerra.
No fecho do festival, marcado para 25 de abril, vai encerrar-se o ciclo de comemorações sanjoanenses dos 50 anos da Revolução dos  Cravos, com uma ópera da Associação Setúbal Voz, que apresenta “uma visão psicadélica” sobre esse acontecimento histórico e sobre “a natureza e resposta diversa do ser humano, perante os desafios de ambientes sociais e políticos complexos”.

“Difundir os valores da democracia”

Com organização da Câmara Municipal de S. João da Madeira e do projeto “Espaço Aberto”, da Escola Serafim Leite, a edição deste ano do Festival de Teatro - que envolverá cerca de 400 participantes - foi apresentada em pleno palco da Casa da Criatividade, onde o presidente da autarquia destacou a vertente educativa do evento, que tem a sua génese na comunidade escolar sanjoanense.
“A missão aqui é difundir os valores da democracia, do respeito pelos direitos humanos, da igualdade, do estado de direito democrático, que são os valores que a nossa comunidade educativa em S. João da Madeira profere”, afirmou o edil Jorge Vultos Sequeira, realçando a crescente necessidade dessa postura, “num mundo de hoje que parece, no plano internacional, caminhar para o abismo”.
Nesse sentido, o autarca apontou o evento como “um ato de resistência contra o avanço do populismo, do extremismo e do niilismo” a que que se assiste mundialmente, com uma “certa subversão da ordem moral que todos conhecemos e na qual crescemos”. O sublinhar do papel educativo do evento foi transversal às diversas intervenções realizadas na sessão de apresentação do programa.

Educação e inteligência artificial 

Tanto a diretora do Agrupamento de Escolas Dr. Serafim Leite, Helena Resende, como as professoras Cristina Reis e Elza Paiva, do projeto “Espaço Aberto” deixaram palavras que vão ao encontro daquele que é, desde a primeira hora, o lema do festival: “Pelo Teatro Acontece Educação”.
Essas docentes e Gisela Borges, programadora da Casa da Criatividade, deram a conhecer os contornos da edição deste ano, cuja imagem gráfica foi concebida com o apoio da Inteligência Artificial (IA), como forma de contribuir para que o público e os participantes reflitam sobre esta nova realidade, os seus desafios e o impacto que tem na sociedade atual.
Entretanto, os bilhetes para as peças dos grupos locais - ao preço de 4,5 euros - já se encontram disponíveis na plataforma online BOL e nos locais habituais, o que já acontecia anteriormente com as entradas para os espetáculos de abertura e encerramento do festival.

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