Cultura e Lazer

Encontrados mais desenhos de Jaime Fernandes

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Depois da inauguração da exposição de obras de Jaime Fernandes, que resultou de uma investigação para encontrar os desenhos que se haviam perdido, foram encontradas novas obras. Este era um desejo da diretora do Centro de Arte Oliva (CAO)

Em causa estão 23 desenhos de coleções particulares portuguesas, que chegaram ao conhecimento do CAO após a inauguração da exposição ‘Jaime: vi uma cadela minha com lobos’, conforme informou a ‘O Regional’ Andreia Magalhães. “Achava que isto ia acontecer, mas nunca pensei que fossem tantos”, afirma, indicando que, feitas as contas, a exposição vai passar a ter cerca de 60 obras.
Recorde-se que uma parte da obra de Jaime Fernandes chegou a ser exposta na Gulbenkian nos anos 80 e que, a partir daí, dispersou. Sobre os novos desenhos o mais provável é que grande parte não tenha estado lá, já que “não há grandes vestígios”, por exemplo, de terem estado emoldurados. “Há alguns que eu nunca tinha visto, são completamente inéditos”, refere a responsável.
Sobre a técnica das novas obras, Andreia Magalhães, que é também a curadora da exposição de Jaime Fernandes, defende que estão em linha com a das que estão atualmente no CAO, ainda que exista uma novidade quanto aos animais representados.
“Tínhamos a ideia que o Jaime fazia sempre animais – que não são representações fiéis, mas de cães, ou cabrinhas, ou burrinhos – que são as memórias da vida no Barco [Covilhã], ou seja, animais mais rurais, mas, neste conjunto, temos representações de tigres e elefantes”, informa.
No seguimento, a instituição está a reunir todos os esforços para prolongar até 17 de abril a mostra que encerraria a 20 de março. “Já recebemos várias confirmações”, acrescenta a curadora.
Recorde-se que o CAO promoveu uma campanha para encontrar os desenhos dispersados do português mais reconhecido na arte bruta, tendo sido possível identificar 55 obras, das quais a grande maioria exposta em S. João da Madeira.
Jaime Fernandes, pastor natural de Barco, na Covilhã, viveu os últimos anos no Hospital Miguel Bombarda, em Lisboa, onde foi internado em 1938, depois de ter sido diagnosticado com esquizofrenia. A sua obra tornou-se conhecida com o filme ‘Jaime’ (1974) de António Reis e Margarida Cordeiro, esta que trabalhara como psiquiatra no Miguel Bombarda.

Ar­tigo dis­po­nível, em versão in­te­gral, na edição nº 3875 de O Re­gi­onal,
pu­bli­cada em 20 de janeiro de 2022

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