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“Elevador da Glória” apresentada como reflexão sobre a arte e diferentes gerações

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Centro de Arte Oliva acolheu , no passado sábado, dia 30 uma visita guiada à exposição “Elevador da Glória”, culminando numa visita guiada pela curadora da mesma, Helena Mendes Pereira e uma conversa intimista com o artista Miguel Januário.

A exposição, construída a partir da coleção Norlinda e José Lima, reflete a essência das coleções particulares. Segundo a curadora, estas destacam-se pelo seu caráter pessoal e espontâneo. “As coleções privadas têm personalidade, são movidas por ligações afetivas e escolhas genuínas, ao contrário das institucionais, que muitas vezes se veem limitadas por normas representativas. A coleção Norlinda e José Lima é um exemplo de liberdade criativa, permitindo diálogos entre artistas conhecidos e menos conhecidos”, numa narrativa sempre focada na visão do colecionador.
O título da exposição, inspirado na música “Elevador da Glória”, dos Rádio Macau, evoca a promessa de mobilidade social que marcou a década de 1980. Helena Mendes Pereira explica que esta metáfora é central na narrativa da exposição, já que “a ideia de um elevador social acessível para todos acabou por se revelar uma mentira para muitos. Esta geração cresceu com a expectativa de que o esforço individual seria recompensado, mas encontrou um mundo de precariedade e desigualdade”, segundo Helena Mendes Pereira.
Ao longo das décadas, a coleção Norlinda e José Lima acompanhou essa evolução social e cultural, captando o espírito das épocas que atravessou. A década de 1980 foi “um período de grande entusiasmo em Portugal, especialmente após a entrada na Comunidade Económica Europeia. Havia uma energia única, refletida na arte, na música e até na moda”, contudo as gerações que vieram depois “viveram outro tipo de realidade, marcada por crises e incertezas”.

Arte como espelho e antecipação do futuro

A curadoria de “Elevador da Glória” reflete essa tensão entre passado e presente, explorando conceitos como “euforia, entropia, fragmento e hibridez”. As obras expostas oferecem uma leitura crítica do mundo contemporâneo, desde a transição para o digital até ao impacto de eventos como a crise financeira de 2008 e as tensões geopolíticas atuais. Para Helena Mendes Pereira, a arte tem o poder de antecipar mudanças e iluminar questões que ainda tentamos compreender. “Os artistas são visionários, antecipam o porvir e refletem sobre o que ainda não conseguimos nomear. Nesta exposição, quisemos trazer um registo político e narrativo, mostrando obras que contam histórias”, desvendam tensões e convidam o público a refletir.
Patente até 31 de dezembro, “Elevador da Glória” é uma mostra artística que obriga o seu público, a refletir sobre o passado, o presente e o futuro, através do olhar crítico e poético dos artistas.

 

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