Conversa Ilustrada explorou história e bastidores do calçado da exposição “Terra Inesgotável”

A exposição “Terra Inesgotável”, inaugurada a 10 de junho, no Museu do Calçado, sob curadoria de Pedro Carvalho de Almeida, do Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro, tem vindo a desenvolver um ciclo de atividades que combinam investigação, prática artística e participação do público.
A atividade Conversa Ilustrada: Diaporama ao Ar Livre “Os Bastidores da Produção das Sapatilhas Presentes na Exposição” decorreu no dia 19 de setembro. O encontro contou com a presença do curador Pedro Carvalho de Almeida e do designer Abhishek Chatterjee, que partilharam os processos criativos, históricos e tecnológicos que sustentaram o projeto. A sessão esteve aberta a todos os interessados e revelou detalhes pouco visíveis na exposição e no catálogo.
Pedro Carvalho de Almeida explicou que a iniciativa faz parte de um percurso de investigação que começou em 2005, centrado na relação entre design e calçado português. “Portugal é um país produtor de calçado, mas com poucas marcas de expressão internacional. O nosso trabalho não se limita ao desenho; usamos o calçado como veículo de cultura, explorando a memória e a identidade de marcas históricas como a Sanjo e a Cortebel. Resgatamos produtos, publicidades, embalagens e fotografias, criando uma narrativa que devolve às marcas a sua identidade e importância cultural”, afirmou.
O curador destacou ainda a dimensão pedagógica e crítica do projeto: “Trabalhamos com uma abordagem de arqueologia das marcas, mergulhando na história e nos contextos industriais e artesanais”, onde cada par de sapatilhas exposto é um fragmento de uma narrativa maior, que reflete escolhas estéticas, sociais e políticas ao longo das décadas.
Abhishek Chatterjee acrescentou que a dimensão prática e experimental da produção é central para o projeto: “Não usamos ecrãs para desenhar. Combinamos materiais, técnicas e narrativas, aprendendo diretamente com o artesanato e com os contextos de produção. O nosso objetivo é valorizar a tradição e, ao mesmo tempo, abrir caminhos para a inovação.” Um trabalho, que referiu, ter não só impacto cultural, mas também social, ajudando a revitalizar fábricas e a transmitir saberes que estavam em risco de desaparecer.
O ciclo de atividades da exposição “Terra Inesgotável” prolonga-se até 18 de outubro, abrangendo “oficinas, seminários e conversas” em diversos momentos públicos. Num projeto que oferece aos sanjoanenses e demais, a oportunidade de interagir, aprender e refletir sobre a história do calçado em Portugal, a identidade das marcas e o papel do design na cultura contemporânea.




