O 1º de dezembro é para nós um motivo de celebração, pela restauração da nossa independência, mas também por ser a data em que se assinala, ainda, como o ponto de partida para as comemorações natalícias. Se é um dia que, desde há uns tempos, o movimento filarmónico festeja a sua atividade numa descida única na Avenida da Liberdade em Lisboa, marcando a sua importância no desenvolvimento musical em todo o país, desta vez, pela manhã, o Auditório Marília Rocha teve em mais uma edição do AcáMúsica um brilho muito, muito especial. Pelo seu violino, e acompanhado ao piano pelo exímio Pedro Oliveira Lopes, Rómulo Assis deixou um lastro brilhante de um cometa, cuja cauda brilhante permanece mesmo depois da sua passagem. Ao longo de cerca de uma hora, de Tchaikovsky a Ravel, passando por Bizet/Waxman e terminando em Wienawsky, o duo deslumbrou realizou um concerto de grande virtuosismo técnico e estilístico, onde a qualidade sonora de um repertório extremamente exigente deixou a plateia boquiaberta perante tanta qualidade. Os comentários do teórico de serviço nestes concertos, José Luís Postiga, pontuaram cada obra executada, contextualizando cada obra e preparando a compreensão da mensagem sonora que viria a seguir-se. Mas, em boa verdade, cada vez que Rómulo Assis fazia vibrar o seu violino, o magnetismo de atração para o que dele saía era total – fossem a melodia da “Meditação” de Tchaikovsky, as reconhecidas passagens de Carmen de Bizet na fantasia de Waxman, a identidade Tzigane húngara de Ravel, em todos os recursos inspirados nos caprichos de Paganini, ou na Polonaise em ré maior de Wienawsky. O brilho foi tão intenso que o cometa passou tão rápido e marcante como outros, deixando uma enorme cauda de inspiração para todos.
Brilhe tanto o Natal de todos em alegria e paz, como o AcáMúsica faz brilhar as manhãs dos primeiros domingos em São João da Madeira.
Festas Felizes para todos.